DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

COMENTANDO


A preocupação de informar nos faz, às vezes, repetitivos. Mas nos escusamos sempre na justificativa de que nos move a intenção de sempre trazer mais luzes com outros novos enfoques.

Moshe Idel
Numa introdução que faz à Kabbalah, o especialista e exegeta MOSHE IDEL, uma das eminentes referências sobre o assunto, oferece-nos muitos subsídios esclarecedores para nossos estudos.  Dessarte, nos reporta ao fato de que, em suas formas bíblicas e rabínicas, o judaísmo é uma religião democrática e exotérica, que, no entanto, envolve dimensões místicas e significativas tendências esotéricas, entre as quais a Kabbalah é a mais encontradiça. Em na situando dentro do judaísmo, vai revelando aqui e acolá sua evolução através do espaço, lugares em que mais vicejara, e dos tempos quando se tornara mais influente.

Merece destaque a propriedade com que esclarece-nos, “Em geral, o ocultismo europeu assim como diversas formas de teosofia e franco-maçonaria européias foram substancialmente influenciadas pelo pensamento cabalístico. Após demonstrar a ligação de uma rica literatura oriunda da Kabbalah por mais de oito séculos, não unificada e com capitais divergências, revela três modelos mais importantes e explica que diversas espécies cabalísticas de literatura (...) concentraram seu foco ao menos em três modelos maiores: o mais importante, que proponho designar como teúrgico-teosófico, o outro secundário, estática e last but not last, o modelo mágico-talismânico.

É essa subdivisão que nos interessa mais imediatamente e consideramo-la como sintomática quanto às várias correntes cabalísticas que explicam as abordagens tão diversificadas para aqueles que tentam compreender a Kabbalah Válida para que os iniciantes não se deixem perder em suas buscas, e para que não lhes pareça mui dispersas essas ramificações e suas principais características, que estão longe de representarem uma linha unificada ou monocromática de pensamento que alegadamente muda no transcurso da história, como contingências que são do seu próprio desenvolvimento.

O próprio autor comenta que os cabalistas pretendiam que seus escritos constituíssem a antiga e oculta tradição judaica que continha a essência do judaísmo. Não obstante essa afirmação, as divergências conceituais entre as diversas escolas cabalísticas problematizam semelhante assunção. O impacto material antigo e medieval derivado de fontes não judaicas – basicamente fator de extração helenística, neoplatônica, hermética e neopitagórica – é significante e discernível em todos os tipos de Cabala como é o caso da filosofia, gramática, literatura e ciência medieval judaicos. A maioria dessas fontes foi mediada, modificada, e enriquecida por autores muçulmanos. Contudo, em acréscimo, a contribuição desses tipos especulativos de material, cabalistas da Idade Média,  também,  desenvolveram alguns modos de pensamentos encontrados em espécies mais antigas de literatura escrita, como a rabínica e as de caráter mágico (...)

Isso serve na contraposição a certas preconceituosas e malévolas opiniões de que a Kabbalah é concepção fechada e de exclusão, ligada tão somente a uma tradição sectária e hermética.

- Voltaremos ao assunto para tratar dos três modelos mencionados. –

(As citações são excertos da obra: Cabala, Cabalismo e Cabalistas. Ed. Perspectiva)

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