DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

APRENDENDO COM A KABBALAH

A tradição de sabedoria que é a Kabbalah tanto se preocupa com o crescimento espiritual das pessoas, quanto com a Redenção; sem deixar, todavia, de indicar-nos as “vias do mundo”, ou seja, com a “construção” das vidas. Leva, por certo, em conta, que o homem esteja destinado a realizações maiores do que seja capaz de raciocinar, mas no atual momento histórico ele ainda não está pronto. Sim, nem ele está pronto ou acabado, nem mesmo a Criação, como tal, está terminada.

O erro primário e infantil do chamado “criacionismo”, essa versão ingênua do cristianismo evangélico, é a de crer que a criação se deu num estalar mágico de dedos do Criador, e que desde então, Sua obra fora terminada. Ao contrário, muitas águas vão rolar...

A Kabbalah postula o “voluntarismo histórico”, quando a criação é um processo em curso, cujo desenvolvimento se faz através da história, e, quanto ao homem o maior protagonista dela, tem ainda muito de evoluir...

Esse “imobilismo” criacionista tem muita coisa semelhante ao “iluminismo” (muito embora afirmando coisas contrárias), que acredita ser a “razão” a etapa final da evolução humana. Assim, ambos não só participam de tolo deslumbramento, como reagem instavelmente entre um otimismo ilusório e um pessimismo determinista.

No estudo da Árvore Sefirótica observamos como os mundos se superpõem revelando estágios próprios à Consciência que os perpassa. A razão aparece como mera função da mente ordinária na Psique. Outrossim, os mundos se desdobram dinamicamente, em fluxos e refluxos, demonstrando-nos que nada está acabado com seus processos permanentes de mutações e transformações, pois, tudo no Cosmos são eventos...

O ser humano é alma, psique e corpo. Em se referindo à psique, que é a Consciência do corpo, podemos inferir que há vários estágios dessa consciência, a qual absolutamente, não é nossa, apenas, conseguimos acessá-la mercê de nosso sistema neural, sendo cósmica por sua natureza.

Há outros estágios que ainda não conseguimos atingir, deles apenas temos insights, mas lá chegaremos sem dúvidas.

E, em falando da alma, que de fato são estados de consciência, lembremo-nos de que é dotada de cinco rotações (que revelam esses estágios): nefesh (vitalidade, consciência rudimentar; ruach, consciência psíquica; e neshamah, consciência superior, nível da alma humana. As outras rotações da alma, próprias dos mundos vindouros, revelam níveis elevadíssimos da Consciência Cósmica.

Segundo Luria, vivenciamos várias rotações ou vários níveis de consciência ao mesmo tempo, ou seja, nossas almas participam de vários universos concomitantemente, posto que não há nem tempo nem espaço na Eternidade.
Acreditar que a Criação já acabou é não compreender que ao Altíssimo chamamo-lo de Eterno, e é como acreditar que a razão, uma simples função psíquica é o máximo que já podemos ter atingido, são visões canhestras e lineares, mui precárias...e pontuais.

E disse Moisés a Deus: Eis que quando eu vier aos filhos de Israël e lhes disser: “O Deus de vossos pais enviou-me a vós”, e dirão para mim “Qual é o Seu Nome?” que direi a eles? E disse Deus a Moisés: Serei o que Serei” E disse: “Assim dirás ao filho de Israel: Serei enviou-me a vós.” (ÊXODO 3, 13 a 14)

Para quem trocou o tempo do verbo no futuro (o sempre por vir), Serei pelo Sou, sabendo que não existe o presente do indicativo em hebraico, do verbo Ser, entende-se por que acreditam que a Criação é finda. E, para quem pensa apenas no nível da razão, como há de compreender que Moisés estava com Deus, no seu nível de Neshamah, um outro estágio de Consciência, senão num outro universo paralelo.

Paz Plena.

Ozam

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