DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A ESTRADA

Agradecendo a solidariedade e as orações piedosas que fizerem por nós
neste interregno em que adoecemos, voltamos ao Blog e desejamos a
todos um ano novo pleno de realizações.

O tema de hoje é A Estrada.
A Estrada é a nossa vida. Só que quando chegamos A Estrada já está pronta. Ela é um compromisso do Supremo com as  nossas almas. E, portanto é uma dádiva e uma bondade, uma benção. Compreendê-lo é saber usufruir desse percurso que nós temos que trilhar que é o viver. O poeta Antônio Machado dizia: Caminhante não ha caminho, o caminho é você. Assim nessa Estrada da vida nós somos o caminho. Embora a estrada esteja pronta nós é quem fazemos o caminho, nós somos caminhantes. Assim, devemos nos abrir a surpresas da estrada e não por atalhos querer modificar a estrada que está pronta. Mas esse exercício faz parte do nosso livre arbítrio e se somos nós que fazemos o caminho temos que enfrentar os percalços que  nós mesmos criamos. A Estrada, no entanto já esta pronta, devemos antes aproveitar de tudo que ela oferece. Infelizmente não agimos assim, muitas vezes abrimos atalhos que podem ser abismos que  nos jogam fora da Estrada, mas como A Estrada já estava pronta acabamos voltando à Estrada.
Numa cultura pragmática como a  nossa, muitas  vezes atropelamos os acontecimentos da Estrada e perdemos o melhor que ela  nos oferece. Assim vemos pais não acompanharem o crescimento de seus filhos, pois têm que ganhar dinheiro para deixar para eles. É tudo um apego do ter em vez de um saber do ser e isto promove muito dos  nossos conflitos. Perdemos o melhor que nos oferece a Estrada querendo construí-la sem acreditar que elas nos possa oferecer melhores momentos e nos ensejar melhores oportunidades.
Segundo Salomon de Lutik, com a aprovação do Maggid Dov Baer o importante hassídico, Deus preenche todos os mundos e nenhum espaço é vazio. Dele é preciso perceber sob a coberta do mundo material e energia Divina que penetra todas as coisas. Assim todas as emoções humanas têm origem nos céus e é necessário lá alcançar a fonte do amor, do medo e de todas as emoções que nos acometem, em acreditando na origem delas, e por isso tudo que acontece ao homem enseja-lhe ocasião para venerar Deus. Afirma Dov Baer: “Toda energia do homem e sua própria alma não lhe pertencem de fato. Até mesmo quando ele age para venerar Deus é por conta de Deus e não por si mesmo.”
Se verdadeiramente veneramos, eliminamos essa ânsia de querer mudar a Estrada e aprendemos que o verdadeiro caminho é essa veneração. Tudo então se modificará e A Estrada  nós oferecerá momentos de grande prazer e felicidade. Portanto basta esta conexão para que a vida se modifique. Precisamos pois nós que somos os caminhantes acreditar que A Estrada pode  nos oferecer e vai  nos oferecer se mantivermos essa convicção momentos de satisfação e gratidão. É preciso acreditar que é boa A Estrada e o caminho é nós que fazemos...
Esta é a nossa mensagem neste Natal, 25 de dezembro de 2011.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

LUMINOSIDADES – anotando ensinamentos de ABRAHAM JOSUA HESCHEL – I

Rabbi Abraham Joshua Heschel, second from right, participating in the civil rights march from Selma to MontgomeryAlabama, on March 21, 1965.
Second row: Visible behind (and between) Martin Luther King, Jr. and Ralph Bunche is Rabbi Maurice Davis.
Fonte: Wikipedia





“A militância de Heschel é o grande testemunho de que a solidariedade é profética e que chegamos ao outro através de Deus, assim como chegamos a Deus através dos outros.” F. Leopoldo e Silva.

Heschel, o filósofo ativista demonstra-nos que é D’us que nos busca...

* O D’us Bíblico.
A visão do profeta, e o caráter distintivo da religião bíblica, devem-se à concepção ética da personalidade de Deus. O Deus dos Profetas é exemplificado por Sua vontade moral, que exige e comanda, promete e ameaça, que governa de maneira absoluta e livre os homens e a natureza. Esta concepção de Deus desenvolveu-se aos poucos na história da religião israelita (...) O seu traço decisivo é que não se trata de um monoteísmo baseado em uma ideia abstrata de Deus, porém em um divino poder de vontade que governa como realidade viva a história. Obs: voluntarismo histórico, peculiar ao pensamento cabalístico.

* Da religião
(...) o problema que deve ser discutido primeiro não é a crença, o ritual ou a experiência religiosa, mas a origem de todos estes fenômenos, a situação total do homem, não como ele experimenta o sobrenatural, mas por que ele o experimenta e o aceita.
* A crítica da religião deve estender-se não somente  a seus fundamentos básicos, mas a todas suas afirmações. A religião é passível de distorção de fora e de corrupção de dentro.
* ...a crítica, o repto, as dúvidas do incrédulo podem...ser mais úteis à integridade da fé do que a simples confiança na fé de alguém.

* Do pensamento grego
Neste tópico, aproveitamos alguns textos de Glória Hazan esclarecendo o pensamento do autor (Heschel) tratado no seu livro Filosofia do Judaísmo em Abraham Joshua Heschel e, outros literalmente do filósofo, uma vez que a divergência entre o pensamento grego e o judaico talvez seja a razão da crise do mundo ocidental. Diz a autora: “As maiores premissas da filosofia ocidental são derivadas do modo de pensar grego. Heschel assinala os aspectos fundamentais das premissas que estão na base do pensamento judaico. Aponta a unilateralidade da percepção emq eu incorremos ao não discriminar os aspectos diferenciais de formas de concepção do homem.”
Discorrendo sobre as diferenças do pensamento grego e judaico ele afirma que o primeiro se preocupa com o que pensa o homem e que para o segundo, a questão mais importante é o homem – ele próprio como insight.
Os pensadores gregos trataram de compreender o homem como parte do universo e, segundo Heschel, na perspectiva judaica, a intenção dos profetas foi concebê-lo como parceiro de Deus. (voltaremos a esse assunto) Atenção: ver a concepção do homem como cocriador, na Kabbalah.

* Do homem bíblico
As categorias que o homem bíblico imaginou a respeito de Deus, do homem e do mundo são tão diferentes das pressuposições das metafísicas, sobre as quais a maior parte da filosofia ocidental está baseada, que certos insights, que são significativos dentro do pensamento bíblico, parecem ser sem significado algum para o pensamento grego. (...)

* Da filosofia e da religião
A religião, como veremos, vai além da filosofia, e a tarefa da filosofia é tornar a mente submissa ao pensamento; criar em nós o discernimento a respeito da razão pela qual os problemas da religião não podem ser apreendidos em termos de ciência; deixar-nos perceber que religião tem seu próprio escopo, perspectiva e meta, expor-nos à majestade e ao mistério, na presença do qual a mente não esteja insensível ao que transcende a mente.

* Da criação, conforme a Bíblia
A Bíblia concebe a criação como um ato de Deus e nesse sentido, a criação é uma ideia que transcende a da causalidade, revelando o Criador...tratando do ser como criação, então a preocupação não é com a ontologia ou com a metafísica mas com a história e a metahistória, com o tempo mais do que com o espaço.
(Continuaremos em breve)

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

FATOS E FEITOS – II

A Mishná 12, que antes citamos, frisa que todo aquele cujas obras excedem sua sabedoria, sua sabedoria subsiste, no entanto, ao contrário, sua sabedoria não subsiste. A propósito o autor Irving M. Bunim, em sua obra A ÉTICA DO SINAI (Sêfer, Ed), destaca a divergência entre a concepção judaica da sabedoria da filosofia grega e cita Aristóteles para quem a função do ser humano, sua virtude mais elevada e seu propósito final são a vida contemplativa e o exercício de seu raciocínio. Ora, o Rabi Chanina ben Dossa bate frontalmente com esta tese aristotélica, em ratificando que para o entendimento talmúdico, sabedoria e conhecimento são apenas meios para se atingir o fim, já que o Talmud (T.B.Kidushim, 40) alega que sublime é o estudo porque conduz à ação. Deveras, para FAZER não é suficiente tão só boas intenções e pensamentos, melhores possam ser, mister é FAZER correto e bom, daí porque boas obras têm de exceder a sabedoria.

O filósofo medieval Rabi Iehudá Halevi explicava então que a filosofia grega é apenas uma floração que não produz frutos. (Rabi Iehudá Halevi, “O Luzari”). Como toda essa civilização ocidental é marcadamente aristotélica não é difícil inferir-se que dessa filosofia colhemos os frutos, estes da depredação do planeta !!

Para não falarmos de outros, sem antes olharmos para o nosso rabo, basta observarmos – e com qual tristeza o registramos – os estragos que o Estado Brasileiro vem cometendo na sua obra secular de devastação inclemente de suas florestas.  Um estado tipicamente positivista com a sua obra prima, esta República, filha dileta dessa filosofia pragmática, empenhada na cabal destruição total de nossas reservas, e, ultimamente agindo sob a cínica máscara do desenvolvimentismo e progresso via agronegócios !

A Sabedoria é essencial para a realização de obras que dignifiquem a ação humana tanto quanto o conhecimento. Mas fazer pelo fazer, é criminoso, é um atentado. É mister saber fazer, que é fazer apenas o bom e o correto. E para o bem comum!

Sábios já assinalavam em sua ira: - Que sejam carcomidos os ossos dos mechavê Ritsin; na tradução do aramaico: mechavê ritsin são aqueles que sempre estimam e calculam objetivos práticos e propósitos finais.

Toda sabedoria que não se transforme em realizações para o bem comum perece junto com seus autores e usuários e cai no esquecimento, não sem deixar enormes danos ao mundo. Este mundo que tem de ser o palco para a realização e a criatividade da sabedoria e que é tão só o meio para se atingir o fim, as realizações de feitos corretos e bons, que contribuam para a paz e tranqüilidade da humanidade e não só para seu fausto e iniqüidade !

O homem deve preocupar-se e sentir-se de fato comprometido com o outro ser humano. E com o mundo do qual usufrui a pletora da vida.

Para Heschel ,este homem moderno esqueceu-se de que representa a imagem divina, que é um símbolo; e esse esquecimento torna extremamente difícil ao homem encontrar o sentido para a sua própria existência. A coisificação da existência humana banalizou o sentido da vida do ser humano e da sua imagem, em substituindo a simbólica da humanidade e da sua predestinação pela do progresso sem o homem, e até contra o homem, já pelo luxo, o fausto e a tecnologia; quando o objetivo da existência passou a ser o de mera satisfação das necessidades que o luxo, o fausto e a comodidade venha a exigir em benefício de uma minoria locupletada.

Nunca se afastem de ti a misericórdia e a verdade, prende-as ao teu pescoço, escreve-as na mesa do teu coração, e acharás graça e boa opinião diante de D’us e dos homens. (Provérbios 43:3-4) Salomão. Ah, Salomão !

Paz Plena

Ozâmpin 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FATOS E FEITOS – I

Para a Kabbalah este mundo – assiático – em que encarnamos é próprio da ação. É o do FAZER.
Toda a sabedoria de que somos dotados é para que FAÇAMOS, mas com sabedoria. Aqui estamos para que com criatividade e atividade efetivamente venhamos agir e participar dos feitos que nos cabe como cocriadores e coautores que somos do mundo criado. Nem estamos prontos, nem a criação ela própria não terminou, apenas continuamos no afã de participarmos dessa Grande Obra e de crescermos com ela.
Para tanto, é mister que além da Sabedoria de que dispomos, mercê da Providencia Divina, possamos compreender do que seja, e de ter conhecimento para ensejá-la.
A Árvore nos ensina que a Sabedoria vem de Hochmah; Compreensão de Binah e de Da’at – a não séfira – o Conhecimento. “Com a sabedoria se constrói uma casa, e com a compreensão ela se firma (e com conhecimento enchem-se os quartos).” (Prov. 24:3) E para que a obra seja perfeita façâmo-la com harmonia e beleza (Tiferet). Assim é que a Árvore nos revela de como os mundos superiores orientam e decretam nossa ação. Ação que viabiliza fatos e feitos que se dão em Malchut, o Reino.
Toda ação, com efeito, carece de intenção e de estudos. Para a Kabbalah estudar é necessário para que a ação seja a que é preciso fazer. Para que a ação se transforme em feitos carece de estudos, de intenção e de métodos. A Kabbalah é uma metodologia. Intenção e estudos reportam-se à letra AYIN (valor que se lê dezesseis e soma-se como setenta), ayin é a quarta potência de DOIS (DOIS=BET, que é sabedoria) e AYIN quer dizer atenção, intenção, estudos e olho vivo! É o caminho que exige a Harmonia de Tiferet, por isso, liga Tiferet a Hod. Hod, mente concreta, é que dá forma a nossas obras, boas ou más.
O rabi Chanina ben Dossa, já ensinava: Todo  aquele cujas obras excedem sua Sabedoria, sua sabedoria subsiste, mas todo aquele cuja sabedoria excede suas obras, sua sabedoria não subsiste. Claro que se prioriza os feitos! Estamos aqui para FAZER. Que seja correto o que fazemos e seja bom. Toda essa concepção peculiar ao pensamento cabalístico aponta para a importância da ação. Ninguém encarna para pastar. Há algo a FAZER. Mas é preciso que a esse FAZER se lhe empreste a intenção do correto e do bom. Agir, mas não só agir pelo agir, mas com a intenção de agir para o bem. Pois nos foi dado a glória e o poder de completarmos a criação, na qualidade de copartícipes e de coautores.
Malchut tem como virtude a discriminação que se revela pela necessidade da “preservação e conservação da obra do Criador” ou seja, de cuidarmos do Reino. Acaso essa civilização tão ciosa de si, esteja fazendo o correto e o bom? A destruição predatória do meio ambiente e da natureza é algo que dignifique a ação humana? Acaso estamos fazendo o quê com nossos feitos? Os fatos revelam que não estamos fazendo nem o bom nem o correto.
O filósofo Abraham Joshua Heschel dia que em uma sociedade democrática, alguns são culpados, todos são responsáveis, no que diz respeito à responsabilização do indivíduo pelo coletivo.
Aonde nos incluímos?
Vejamos na próxima postagem.
Ozam 

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

LUMINOSIDADES

De Aryeh Kaplan em seus comentários ao Bahir, uma obra, como já vimos, canônica para a Kabbalah, colhemos: A Sabedoria é o canal da Essência de D’us e, portanto, sustenta todas as coisas. (Bahir, p. 129)

A Sabedoria, no caso, é referência à Sephirah Hochmah, tida como Sabedoria (Anterior), Mistério, e, Inconsciência, na terminologia antiga.

Não havia ainda estabelecido o novo conceito de “Consciência”, no estudo moderno da gnoseologia. Antes, quando se queria referir àquilo que hoje chamamos de “Consciência”, dizia-se “pensamento”, “inteligência”, “sabedoria”, “sabedoria anterior”, MENTE UNA ou MENTE, cujo sentido não raro correspondia ao que hoje (a partir de novos estudos sobre o assunto, década de 1950) chamamos de “Consciência”.

Dessarte, podemos dizer: A Consciência é o canal da Essência de D’us, e, portanto, sustenta todas as coisas. Ou seja, a Consciência é a Essência de D’us que a tudo permeia e a tudo envolve. Parodiando R.A.S. de Lubicz:

O Universo nada mais é que consciência, e em todas as suas manifestaões revela mais que uma evolução da consciência da origem ao fim. A Essência de D’us que sustenta todas as coisas!!

Ozam

terça-feira, 1 de novembro de 2011

COMENTANDO IV – O MODELO MÁGICO TALISMÂNICO

Reportamo-nos aos três modelos de pensamentos cabalísticos abordados pelo tratadista Moshe Idel (o Teúrgico – teosófico, o Extático e, agora, o terceiro que iremos comentar, o Mágico Talismânico), vale anotar que não só foram importantes no que aportaram, como foram reveladoras para o entendimento mesmo de muitas outras questões centrais da Kabbalah, permitindo novas interpretações dessas questões,  conforme a lógica própria de cada um desses modelos.
Moshe Idel parte da hipótese de trabalho que diferentes modelos especulativos acabam por informar o pensamento, a práxis e até, também, os escritos de vários mestres cabalistas e hassídicos.

O terceiro modelo encontra-se pois, em tantos outros escritos pertencentes aos dois primeiros, já que a magia judaica sendo desde antes um velho e tradicional assunto da sabedoria judaica se apresentava sob várias formas, desde a Antiguidade e, se por um lado, alguns autores tivessem se apropriado de seus elementos, outros, os repeliram. Como tal, registra-se dois tipos de Kabbalah, a Prática (Qabalá Maasit) e a Especulativa (Qabalá Iunit).


A Mágica vai se evidenciar por volta do fim do século XV, embora haja diferentes maneiras de explicar como a magia possa atuar. Por exemplo, na Idade Média, então sob a influência de filosofias dominantes entre os árabes supunha-se que “apegando-se a fonte espiritual que governa este mundo, sobretudo a alma universal, o místico, ou o filósofo pode analisar os acontecimentos do mundo sublunar.”


O ponto de vista dominante tanto na magia grega, quanto na árabe e na judaica é de que era possível atrair para baixo as forças espirituais dos corpos celestiais.
Na Kabbalah do séc. XV a língua hebraica era ela própria uma técnica para puxar para baixo essas forças espirituais. Também, atribuía-se aos sefírotes poderes espirituais próprios. 
Dessarte, a estrutura astrológica foi trazida por projeção para a teosófica, mais elevada, tornando esse tipo de magia mais aceitável. Daí a expressão ruhaniut há-Sefirot, como força espiritual das Sefirot. Essa elevação do termo ruhaniut, antes com significação apenas de magia ao grau mais alto da pluralidade da divina essência, fez com que o modelo mágico-talismânico apresentasse distintos, o teológico, na realidade o plano teosófico suplantou o astrológico celestial, quando práticas mágicas deram lugar a ritos judaicos e, particularmente, ao uso ritualístico da língua hebraica. 
Embora o termo ruhaniut preservara traços de sua origem mágica, vai designar, doravante, domínio espiritual sem seus significados mágicos-astrais.
Para Cordovero, por exemplo, o sistema sefirótico vai definitivamente prestar-se como função instrumental para a realização da atividade mágica. 
Pode-se considerar que o cabalista sabia da semelhança, entre o tipo de Kabbalah que propunha, com as práticas mágicas pagãs. Além do que ele (de acordo com o que ensinava Cordovero) considerava o conhecimento da preparação de talismãs como uma gnose revelada, a servir mesmo ao conhecimento da Kabbalah.
Dessarte, a atividade cabalística era sobrenatural, não porque se intrometia nas ocorrências dos eventos, mas antes por que sua ordenação era de uma ordem superior.
Como tal, então, o corpo humano seria o lócus em que o divino influxo é recebido e torna-se um vaso de influxo descendente. O cabalista que se entregasse à prática da concentração e da pronunciação das cominações de letras era tido como um tipo de religioso justo.
Moshe Idel comenta assim:
Um importante desenvolvimento que se processa no pensamento de Cordovero com produndas repercussões ulteriores, é a visão do justo humano, o Tzadih, cuja maneira de funcionar lembra  a da nossa sefirá, Iesod, transmitindo o influxo que recebe das partes superiores para as inferiores nos reinos sefiróticos. Agora, o influxo é recebido do reino sefirótico, ao qual o Justo está apegado, e é transmitido aos outros homens.
A importância desses três modelos não só é notória para a compreensão de que venham a ser, mas por ajudarem ao entendimento mesmo do processus do pensamento cabalístico.
No estudo da Kabbalah é mister estar atento a todos detalhes por que é com eles que se pode ter uma noção completa dessa técnica inconsútil que é a Kabbalah, como cosmo-visão.


Ozam
Outubro/2011

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CARTA DA ORGANIZADORA DO BLOG



Muitos talvez não saibam, mas todos os textos aqui postados foram manuscritos pelo professor Ozampin, e depois são datilografados pela organizadora deste blog.
Com muito pesar informo que o nosso professor encontra-se gravemente enfermo, motivo pelo qual os textos estão sendo datilografados num momento em que ele não pode lê-los.
Em sua homenagem, continuarei a postar todos os textos que me foram entregues pelo professor Ozam.
Peço que os seus alunos e leitores do blog façam uma corrente de orações e de pensamento positivo para que nosso mestre restabeleça sua saúde, e possa continuar a encher nossas vidas de clareza, sabedoria e bondade.


Aline
www.customizacaodeblogs.blogspot.com

TEMOR E MEDO

Quando falamos da letra Phe dizíamos que toda palavra tem força e poder, domínio. É por isso que na Kabbalah aprendemos a respeitá-la e a perseguir o sentido verdadeiro do que ela possa vir a expressar.

É comum, por exemplo, observar o espanto que causa a expressão “temor a D’us”; alguns, por sinal, acacianamente chegam a retrucar: a D’us devemos amá-lo... como se se tratasse de mera questão de semântica...

Ensina-nos o filósofo judeu, uma das figuras fascinantes dos tempos de hoje (falecido em 1972), que temor é aquilo que está encoberto e oculto e isso equivale a ser conhecido e aberto para D’us. Dessarte, Não é um sinônimo de desconhecido, mas, antes um nome para um significado que permanece em relação a Deus.


Diz Glória Hazan na sua magnífica obra “Filosofia do Judaísmo”, comentando o pensamento do filósofo: “O temor é o princípio da Sabedoria (um parêntese para nossa observação: - na Kabbalah, na Árvore das Vidas, é a Séfira Hoch-mah (Sabedoria) mistério, o que está oculto, por vezes, a emanação do Oculto do Oculto) – continua a autora – Nessa medida tanto um significado quanto uma sabedoria fundamentais são encontrados em Deus e em nossa relação com Ele, e não dentro do mundo”. E continua a autora assinalando que Heschel explica que esse relacionamento se dá no temor como um caminho de compreensão, um ato de insight de um significado que está acima de nós próprios, como uma via régia para a Sabedoria.

Assim, para HESCHEL o temor é uma intuição da dignidade de todas as coisas e sua preciosidade para Deus, uma concepção de que as coisas não são apenas o que são, mas também representam, embora remotamente, algo absoluto.

E mais adiante diz: o significado do temor é conceber que a vida toma lugar sob vastos horizontes que vão além do período de uma vida individual ou até mesmo de vida de uma nação, geração ou época. O temor nos capacita a perceber no fundo insinuações do divino, sentir em pequenas coisas o princípio da significância infinita, sentir o essencial no comum e no simples, sentir na torrente do que passa a tranqüilidade do eterno.

Para Heschel o conhecimento é sustentado pela curiosidade, mas a sabedoria pelo temor.

Aprendemos na Kabbalah que a Sabedoria é o princípio. No Gênese 1:1: No princípio (Be Reshit) D’us criou o céu e a terra. Be Reshit é Bet Reshit. A palavra princípio não é outra coisa senão a Sabedoria. Está, portanto, escrito Salmos (111:10) O princípio é a sabedoria, o temor a D’us. (Bahir, p.26)
Heschel afirma que temor é diferente de medo – comenta Gloria Hazan – e explica o medo por antecipação e a probabilidade do mal ou da dor, contrastando com a felicidade, que é a expectativa do bem. Temor, por outro lado, é o sentimento do maravilhoso e humildade pelo sublime, ou sentido na presença do mistério. Medo é abandono aos socorros que a razão oferece (Sal. 1712) ... Temor, distante do medo, não nos faz recuar ante o objeto que inspira temor, mas, ao contrário, nos atrai para perto de si. Isto acontece por que temor é compatível com amor e gozo. (Dt 10,12)

...O temor precede a fé e está na origem da fé. Devemos crescer em temor a fim de buscar a fé. Entendemos que só podemos crescer em temor à medida que tomamos consciência da onipresença de Deus. Devemos ser orientados pelo temor para ser merecedores da fé.

... A perda do temor é o grande impedimento para o insight (...) Os maiores insights nos acontecem em momentos de temor. Aqueles que sentem o maravilhoso compartilham do maravilhoso.

Num mundo em que se não distingue medo de temor, não se pode distinguir segredo de mistério, nem conhecimento de Sabedoria, por isso, não se distingue universo de D’us. E, assim... uma questão de saber, ou de conhecer ?

Paz Plena,

Ozam

sábado, 22 de outubro de 2011

ENSINAMENTOS

ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

Da obra de ARYEH KAPLAN, Meditação e CABALÁ – Teoria e Prática (Sêfer Ed. SP), e como temos falado bastante, mas nunca é suficiente, sobre estados de Consciência, fizemos essas anotações complementares ao assunto:

Segundo o autor um dos que mais abordaram o tema foi Baal Shem Tov.

Trata de dois estados, referidos como MOCHIN GADLUT e MOCHIN CATNUT.

GADLUT quer dizer maturidade, ou grandeza.

CATNUT quer dizer imaturidade ou pequenez.

Assim, MOCHIN DEGADLUT equivaleria à consciência expandida e MOCHIN DECATNUT, à consciência comprimida.

Diz o autor que quando o ARI, um dos mestres da meditação fala do PARTSUF de Zeer Anpin ele desenvolve o que está resumido nos mais misteriosos textos zoháricos: Em seu desenvolvimento o PARTSUF do Zeer Anpin segue através dos estágios de nascimento e crescimento. Como um ser humano, este PARTSUE pode estar tanto num estado de imaturidade como, também, de maturidade. O estado de imaturidade é chamado de CATNUT, enquanto que o de maturidade é chamado de GADLUT.


Como leitor pode não estar muito ligado aos PARTSUFIM (Personificações) do Sistema do AR; a título de recordação, reportamo-nos ao quadro explicativo, a seguir:

PARTSUFIM

PARTSUF                                     SÉFIRA

ATICA CADISH                     O Antigo Sagrado
ATIC  IOMIN                        O Antigo dos Dias                   Kéter superior
ARICH ANPIN                       Grande Face                           Kéter inferior
ABA                                    Pai                                      HOCHMAH  - IOD
IMA                                    Mãe                                     BINAH -  HEH
ZEER ANPIN               Pequena Face (MACHO)    AS 6 SEFIROT seguintes-VAV
NUCVA                                FÊMEA                                  MALCHUT - HEH

Segundo o ARI, os Recipientes são adequados, então, para receber a Luz de D’us, este estado é chamado de Universo da Retificação (TICUN). Ao contrário dos cabalistas anteriores que só tratavam do Universo do Caos (TOHU), ARI era o primeiro a revelar os mistérios do PARTSUFIM que estão no Universo da Retificação.

É bom assinalar que estes PARTSUFIM interagem entre si de uma maneira antropomórfica. Todavia, é bom tomarem o antropomorfismo dessas proposições apenas simbolicamente e não de forma literal.

Assim, o Zeer Anpin refere-se ao Homem Superior, mas tudo neste PARTSUF tem uma contrapartida no homem. Daí concluiu Baal Shem Tov e ensinou que todos estes estados de imaturidade e maturidade do Zeer Anpin podem ser comparados – anotem bem – aos diferentes estados de Consciência na mente humana. Ou seja, são no homem estados de consciência expandida, ou comprimida. E acrescentava: quando uma pessoa está em estado de consciência expandida ela é iluminada em todos os caminhos da vida. Tudo que ela faz é com uma consciência diferente, seja comendo, ou bebendo, orando ou estudando.

APRENDIZADO

O Nome que está mais próximo de todas as coisas criadas. É através DELE que alguém entra na presença de D’us, o REI. Além deste nome não há nenhum outro, seja ele qual for, pelo qual alguém possa ver a face do REI abençoado.

ESTE NOME É ADONAI (Aleph Dalet, Nun Iod). É o nome associado a MALCHUT-REINO, séfira mais baixa. Este é o mais baixo nível do Divino. Do nível de ADONAI para cima, nós encontramos o mistério da UNIDADE.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

LIÇÕES DE KABBALAH

E quiçá levantes teus olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas – todos os astros dos céus – sejas seduzido e te curves a eles, e os sirvas, coisas que o Eterno, teu D’us, designou (para iluminar) a todos os povos que há debaixo do céu...
(Deuteronômio, 4:19-20)


- Os mistérios das letras do Aleph-Beit
(continuação das LETRAS)

A LETRA Pê (Phe)
... (maiúscula) = valor 800 – lê-se 17
... (minúscula) = valor 80 – lê-se 17

... acerca da Sabedoria é o silêncio (Avot 3:17)

Texto Yezirático:
Ele fez a letra Pê/Phe reinar sobre o Domínio
E Ele ligou a ela uma coroa
E Ele combinou uma com a outra
E com elas Ele formou
Mercúrio no Universo
A quinta-feira no Ano
Ouvido esquerdo na Alma
macho e fêmea.

é boca. Boca é o órgão da palavra, e a palavra quer expressar o domínio, do qual fala o texto yezirático.

Palavra é mantra, poder: - Pense (pensar é próprio à mente inferior concreta (HOD) bem, antes de falar !

Ah! Bastaria tivéssemos esse cuidado, essa atenção para que se evitasse tantos contratempos e aborrecimentos, senão trapaças (Mercúrio é um deus trapaceiro e enganador: mentiroso) e tragédias. Mas quem se cala ?

A palavra é arma de dois gumes: convence, dissuade e persuade, mas trai, fere e ilude. Ele dispôs minha boca com uma espada pontiaguda. (Isaías 49:2)
A palavra traz em si poder, domínio, e é portanto, sagrada, mas sua profanação (e quantas e quantas vezes não no-la profanamos?) implica em falha.

Na tradição crista encontramos em (MT, 12:36-37): Eu digo a vocês, no dia do julgamento todos devem contas de cada palavra inútil que tiveram falado. Por que você será justificado por suas próprias palavras e será condenado por suas próprias palavras. Mesmo assim não paramos de falar...

Já o TALMUD aconselha: Ensina tua língua a dizer não sei (quando não souberes), para que não mintas e depois te descubram. (Tratado Derech Erets, Zit, 3)

Eía que deveríamos cuidar antes de opinar, e, por isso, contar até com (100) antes de contestar alguém; e de contar até mil (1000) antes de emitirmos uma palavra de julgamento; mas não parar de contar jamais quando se tratasse de falar de alguém.

A título de ilustração, a letra Pê (boca) no Tarô, lâmina da Estrela, admoesta-nos contra a falácia, a mentira, a demagogia, a calúnia, os vitupérios. Veja só que bom seria (isso é sonhar demais; a Estrela, também, é sonhos e ilusões) se nossos políticos tivessem suas bocas costuradas e não fosse tão perjuros. Ah, mas isso é pura quimera, da Estrela. Palavras, ilusões, que bom se pudera ocorrer! Ilusões astrais, bem hodianas.

Já a sabedoria de Salomão nos advertiu. Como é boa a palavra em seu devido tempo !

Paz Plena.

Ozam

domingo, 16 de outubro de 2011

HUMANISMO INTEGRAL

A KABBALAH, muito ao contrário desse soidisant esoterismo, que invoca o universo na ilusão de que ele seja capaz de vir em socorro de nossas necessidades, como se o homem existira para o universo, e não esse para o homem, demonstra apriorística a importância do homem na obra do Eterno. Sentencia o ZOHAR que o individuo é como o mundo inteiro, posto que dentro de cada um de nós se encontra tudo que nos cerca: o universo, as nações, os gentios, os justos das nações do mundo, Israel, o Templo, e, até mesmo, o Criador – o ponto em nossos corações.
Por outro lado, lê-se nas Escrituras que D’us criou o homem e o colocou no seio do universo. Portanto, o homem, desde sempre, separado da natureza que o cercara, já que ele era a razão e a finalidade da Criação. É preciso não ler a Torá, apenas en passant, mas com atenção à colocação das coisas que ela revela.
O grande filósofo de nossos tempos Abraham Joshua Heschel nos chama a atenção de que a Bíblia seria antes, de ser um livro sobre D’us, um livro sobre o homem. Por ser a última das criaturas a vir à luz o homem recebe a bênção que lhe outorga o direito de dominar todos os seres criados antes dele, conforme destaca o Gênesis (1,26). O homem é a única criatura que recebeu diretamente do Criador o princípio da vida: e Ele insuflou em suas narinas o sopro (neshma) da vida, e o homem se torna uma alma vivente. (Gen. 2:7)
O Zohar diz que toda essa grandeza se dá por ter ele sido feito à imagem do Eterno. E quando se fala da Imagem reporta-se à faculdade do livre-arbítrio, à de criar, à de aprender, à de usar da linguagem,à da inteligência e à da Consciência, a um tempo relexa de si e da imagem divina que o caracteriza e o distingue. Deveras, é essa imagem que lhe dá toda essa dignidade, e, até mesmo, à sua própria dimensão corporal. Para essa concepção o homem é síntese indissociável de alma e corpo.
Diz o Talmud: Todas as criaturas celestes têm um corpo e uma alma de origem celeste. Todas as criaturas terrestres têm um corpo e uma alma de origem terrestre. Só o homem tem um corpo terrestre e uma alma celeste. Se ele realiza a vontade de seu Pai, ele se torna uma criatura celeste. Senão , ele se torna uma criatura terrestre, por inteiro. (Sifré, 300)
Tudo que D’us criou no mundo, foi criado no homem. No entanto o destino do homem não se acaba com a morte física. Espera-o um mundo vindouro, olam ha bá, das almas.
É, pois, vivendo que o home se faz imortal, e é a imortalidade que lhe permite viver.
As almas encarnam para aprender a crescer.
E você, amigo, aprenda para crescer em estudando a Kabbalah, mas não fique só no estudo; para ser, PRATIQUE  A KABBALAH.
Assim seja,
Paz Plena !
Ozam
  
APRENDIZADO
ENSINAMENTO
A propósito do Tetragrammaton Sagrado, IHVH; V de VAU representa o HOMEM que liga o mundo espiritual (o primeiro H (he), ao mundo da fisicalidade, H (o segundo He). Como tal o homem é um elo de ligação entre dois mundos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

APRENDIZADO

H O C H M A H
- anotações básicas –

As duas primeiras Sefirot são KÉTER, dita, CORDA,  e Cachmah – Sabedoria.
A Coroa que se usa acima da cabeça alude a Kéter, o que está além, isto é, o Ein-Sof, e revela aquilo que está acima da nossa capacidade de compreensão. Mas a Sabedoria é a primeira coisa que denota a Consciência que viremos a acessar.

É, pois, o que se pode chamar de começo. Se Aleph que liga Kéter a Hochmah é o que vem de antes, Bet, a segunda letra, marca o começo. Bet liga Hochmah – Sabedoria a Binah – Entendimento. Revela a recepção da luz, assim é tanto o começo (da Criação) quanto a casa (Bait) o que recebe e guarda.
Provérbios 24:3 “Com a sabedoria (Hochmah) se constrói uma casa, e com a compreensão (Binah) ela se forma, (e com o conhecimento (Daat) enchem-se os quartos). Diz o BAHIR: 14. Por que a letra Bet é fechada em todos os lados e aberta na frente? Ensina que é a Casa (Bait) do mundo. D’us é o lugar do mundo, e o mundo não é Seu lugar.

A séfora Cachimah – Sabedoria é o canal da Essência de D’us (no nosso modo de entender, isso é a Consciência, ou a Mente Pura e Indiferenciada) e, portanto, sustenta todas as coisas. Na ligação entre o Antes e o Começo (a criação), ou seja entre o Criador e a criação (essa que se dá em Binah) é o veículo que contém o potencial de todas as coisas.

Pode inferir-se de que se trata de um estágio da Consciência que, através da ligação com aquilo que o nosso sistema neural pode decodificar do que vem de Aleph, torna-se sabedoria. Essa apreensão do que veio poder-se-ia dizer tratar-se de Bênção (Berachá) que é a graça a permitir a MENTE de receber da Essência de D’us as capacidades da sabedoria. Assim, a Torá principia pela letra BET. Diz o BAHIR: 3. Porque a Torá principia pela letra Bet? Para que principie por uma bênção (Berachá). Como sabemos que a Torá é chamada de bênção? Porque está escrito (Deutoronômio 33:23) “O que preenche é a bênção de D’us...

A partir dessa conceituação de “bênção”  como o mais elevado grau de entendimento que possamos ter da Essência de D’us, infere-se um dos mais elementares princípios de Kabbalah, de que para que haja um “despertar de acima” é necessário haver primeiro um “despertar de abaixo”. Ou seja, antes que se receba de cima (ou seja, a bênção) deve haver algum esforço (intenção) de abaixo. Dessarte a letra Bet é que demonstra o funcionamento entre Hochmah – Binah; a transição entre a Transcendência de D’us e Sua imanência, que não apenas envolve mas preenche. Como tal a Sabedoria (a Consciência Inata) que é o Canal da Essência de D’us sustenta todas as coisas.

Tão magnificente é que MOSHE CORDO VERO, o grande mestre sintetizador, de abençoada memória, diz de Cachimah – Sabedoria que tem duas faces: a Face-superior que se volta para Kéter, ainda que não mui diretamente, mas mantém-se inclinada para ela,  a receber os influxos de Kéter, e a Face-inferior, voltada para baixo, já que o sentido de sua ação é sempre descendente. Este influxo reporta-se à Consciência que vem de antes, mas permeia e sustenta o mundo. Deveras, esse é o primeiro estágio de diferenciação de fluxo Divino. Quão numerosas são as Tuas obras, Eterno. Todas fizeste com Sabedoria. (Salmos 104-24)

Assim seja !

Ozam

domingo, 9 de outubro de 2011

APRENDIZADO

Antes o Ensinamento, agora O Aprendizado
Os 32 Caminhos da Sabedoria

O texto inicial do Sêfer Yezirah: (Livro da Formação)

1:1
Com 32 caminhos místicos de Sabedoria
Gravou YAH,
o Senhor dos Exércitos
o Deus de Israel
o Deus Vivo
Rei do Universo
EL SHADAI
Clemente e Misericordioso
Elevado e Exaltado
que mora na Eternidade
cujo nome é SAGRADO
Ele é Sublime e Sagrado
E criou SEU universo
Com três livros (Sefarim)
com texto (Sefer)
com números (Sefar)
e com comunicação (Sipur)

A Kabbalah ensina que esses 32 caminhos são aludidos na TORÁ nas 32 vezes que o nome de Deus Elohim aparece no relato da Criação. Nesse relato a expressão Deus Disse aparece 10 vezes. São paralelos às Dez Sefirot. As outras  22 vezes vão corresponder às vinte e duas letras do Aleph-Beit.

O número 32, Lamed e Bet, Lev, significa coração. É no coração que a MENTE PURA (a Consciência) é manifestadano corpo. Que significa? Essa MENTE PURA, que outra coisa não é que a Consciência, não é do corpo, pois, se manifesta nele, logo é de fora, vem do antes, é cósmica. Mas é ela que anima (dá vida ao corpo) logo, ela é a alma. (Um estado de consciência) E o coração, que é onde ela se manifesta, deixa de funcionar, tão logo, a influência dessa Mente (alma/consciência) cessa. Mas o que cessa não é a Mente, e, sim, pela sua ausência, o corpo. Ora, quando essa força (mental ?, consciencial ?, anímica?) deixa de funcionar no corpo, dá-se a morte. A morte do corpo, porquanto essa força, apenas, se ausenta... Por outro lado, o coração é que proporciona vida ao cérebro e ao sistema nervoso. Quando ele pára de funcionar, o sistema nervoso não prossegue funcionando, é que essa (Mente/Consciência Alma) não mais está presente no corpo. Ora, se é o coração que vincula Mente (alma) e corpo. Isto é LEV, que se reporta aos 32 caminhos místicos da Sabedoria (Consciência) é que anima a vida do corpo. Logo, a Sabedoria (Mente Pura / Consciência) é anterior à vida física, pois, ela é quem dá vida ao corpo; dá à vida, a tudo; mas quem os gravou? YAH, o D’us Vivo. Então, a Consciência é a Essência de D’us. Esses 32 Caminhos (LEV) são denominados de Caminhos de Sabedoria (HOCHMAH). HOCHMAH é Consciência Indiferenciada. É um nível acima de toda divisão. Indiferenciada. Então, nesse nível de Consciência, a Alma (um estado de consciência) é Universal, pois é a Consciência não dividida, individuada.

A antítese da Sabedoria, na Árvore, é o Entendimento: - Binah. Hochmah Binah, pares consortes e antitéticos. Binah quer dizer compreensão, vem do radical BEIN (entre). Enquanto HOCHMAH é MENTE INDIFERENCIADA, BINAH, entendimento, separa (entre) é o nível da didstinção, da divisão, e é tido como algo separado. Ora, em Hochmah o nível da Consciência é indiferenciada e anterior, em Binah, o nível é separado. Em Hochmah a alma é UNIVERSAL, em BINAH é o nível distinto da alma humana, individual. Deve-se inferir que no nível da Sabedoria todos estão inclusos (em Um), mas que em BINAH é onde cada alma individual assume sua própria identidade. Pode-se concluir, pois, que a alma com suas cinco rotações: - Yechidah e Chayah, próprias do mundo vindouro, e Neshmah, alma humana, com ruach e nefesh, inferiores, são próprias da Criação, ou seja, desse mundo. Mas que são estados d’alma, ou seja, estágios da Consciência, da Sabedoria, Essência Divina.

Eis aí. Paz Plena.
Ozam.