DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Altivez e Dignidade


O Rabino Joseph Saltoun em sua obra, recentemente, traduzida para o vernáculo e publicada por Kabbalah Livros, Rio de Janeiro, 2012 – A Arte de viver segundo a Cabala, faz-nos compreender de perto e de novo a importância desta Tradição de Sabedoria com a sua proposição de trazer o Ensinamento para todos nós. A kabbalah é um caminho, portanto, uma metodologia. Na decodificação que se encarrega de fazer, vê que as escrituras são antes de tudo obras cifradas e codificadas, dispensando a leitura meramente linear e literal, revela que essa exegese requer vontade, clareza, firmeza e honestidade, e, sobremodo, independência. A Kabbalah é o Caminho, mas o mapa do Caminho é a Árvore da Vida. O autor nos mostra que é necessário observar o mapa, pois, além de tudo ele é um roteiro que diz respeito à experiência da humanidade por esses cinco mil anos. Talvez a interpretação que os historiadores e cientistas sociais tenham feito das Escrituras tem sido falha por ignorância de espiritualidade. Quanto à interpretação das religiões, pode ser que tenha falhado mercê do dogmatismo (e há casos de fanatismo) e da fé cega.
O mais importante a assinalar é a dica de que as Escrituras não são Ensinamentos que vieram do passado, antes, pelo contrário, do futuro. A Consciência, como tal, fora do tempo e do espaço, é a razão que explica isto. Dessarte, inóqua se torna o debate histórico-sociológico sobre a escravidão no Egito, pois, não se tratava de uma ocorrência do sistema político, mas, de um estado de consciência como se depreende desse conceito à página 35.
“Assim quem acumular várias almas, e conseguir realizar a missão de cada uma delas, receberá grande quantidade de luz em sua vida. Todas as almas poderão se salvar, e depende de nós apressarmos esse processo – depende de nossas ações e de nossa capacidade de acelerar o processo de volta ao Paraíso”.
E à página 37: - “Na Cabala falamos que cada pessoa tem uma missão espiritual e que, quando consegue realizá-la, experimenta a consciência da eternidade. Vida eterna é também uma consciência eterna. É uma forma de pensamento: se pensarmos de maneira limitada, nossa vida é limitada”.
Não raro, temos conversado com alunos de que a encarnação (esta vida física) é dádiva que teremos de aproveitar para expandirmos nossa consciência, pois, ninguém encarna para passear, menos, ainda para pastar. Noutro trecho lapidar de ensinamento, podemos ler: - “O papel da providência: é equilibrar a qualidade da consciência, da inteligência cósmica, e também proteger os seres humanos para que façam uso de seu livre – arbítrio, da maneira certa esse é o processo de crescimento espiritual” (p.39).
Na página 41 ele explica bem o papel da kabbalah e diz: “A Cabala decodifica o código que existe na Bíblia, código este que não pode ser entendido sem a sua chave, que é o ZOHAR”. E parágrafo afora faz interessantes, oportunas e objetivas explanações sobre as lições com que nos provê o ZOHAR, livro fundamental da Cabala. E a alhures (p.47) esclarece: “Moisés não veio do deserto, nem do Egito, sua consciência veio do futuro. E todas aquelas aparições de Deus a Moisés? Não era Deus no sentido convencional quem aprecia, mas, a consciência da alma de Moisés, que se manifestava, e assim conseguiu passar pelo tempo da escravidão no Egito”. E segue por aí a demonstrar que a escravidão é um processo consciencial do qual podemos libertar-nos, se nos aprouver. E a Cabala está nos preparando para ultrapassar esse ciclo de tempo, o da escravidão.
O autor mostra a função da Cabala, que nem a ciência, nem a religião, muito menos a consciência humana robótica, obsessiva e compulsiva conhecem. O julgamento não é desejo de Deus em punir, mas, é feito pela própria consciência humana robótica, que é uma consciência obsessiva e compulsiva. Ora, o ZOHAR foi escrito para preparar dessa maneira esse entendimento. Se querem saber a causa, existe um caminho certo.
O autor demonstra neste livro o valor incontestável do labor humano intelectual (mas consciente do que seja a missão de cada um, na sua encarnação, como modo de libertação (para alma)) e nos ensina como preparar a nossa consciência para receber a revelação messiânica; assim assinala o caminho que está ao nosso alcance.
“A imortalidade não vem do passado, ela vem do futuro” (p. 54, primeiro parágrafo).
O que é que dá ao autor tanta certeza e convicção do que afirma senão a vivência da Árvore? A Árvore não é a penas um hieróglifo a explicar a Emanação da Vontade Divina, ainda que importante seja. Ou um roteiro para a Arte de Viver. É tudo isso, sim. Mas, é aquele caminho mapeado para a libertação da consciência de cada um, ensejo da Espiritualidade. Ensejo que nos liberta da Escravidão a que nos submetemos se não tomarmos a consciência de nossa missão. Oxalá ocorra Graça e Misericórdia da Providência em socorrer a nós, se o quisermos com desejo, vontade e certeza. 

Paz Plena.

Ozâmpin