DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A BEM DA VERDADE


KABBALAH NÃO É FILOSOFIA !!

A Semântica (s.f. do grego semantiké) que se define como: 1) Estudo da evolução do sentido das palavras através do tempo e do espaço; semiótica, semiologia, etc; conforme rezam os dicionários – não raro não passa de uma veste a cobrir a dura nudez da ignorância. E, por causa da semântica, o termo “filosofia” fugiu do significado rigoroso de certa disciplina que é, e passou a designar, também, um modo de ver, ou de entender certos valores; ou já pela falta absoluta desses valores quaisquer que sejam, e/ou de apresentar certos padrões de pensamentos, atitudes e comportamentos, em geral, não muito justificáveis... Enfim, o termo “filosofia” perdeu todo seu significado de disciplina específica e veio a ser entendido como qualquer coisa, que por si, não é coisa nenhuma.

Ora, a língua é, por natureza, um fenômeno vivo e, portanto, temos de nos conformar com a unanimidade no falar que, sem dúvida, é uma forma da ignorância ululante de se manifestar. Mas, como o “vírus” da semântica é altamente contagioso, e sobremodo, quando age na massa cefálica do vulgo mundano e passa a contagiar a tudo que se lhe aproxima, assim como esse “vírus” semântico atacou o termo “filosofia”, está atacando o sentido da palavra cabala, já tão mal tratada pelo ocultismo vigente e pelos dicionários encontradiços. Como tal, pasmem todos, a toda hora se ouve essa tirada acaciana de que a cabala é uma filosofia. Ou seja,  como conceito de filosofia foi esvaziado na sua figuração em vista de sua maior abrangência e, já não quer dizer coisa nenhuma: cabala, então, agora, já agredida pelo “vírus” semântico, também vai acabar por vir a significar nada.

Cumpre-nos, em tempo, acudir o paciente combalido, acometido pelo “vírus”. Embora possa dizer-se que Kabbalah é uma concepção de vida, esta concepção não é absolutamente filosófica (especulativa), porque é antes resultante da própria experiência da humanidade. E, da Sabedoria Anterior de que somos todos dotados. A Sabedoria é o canal da Essência de D’us e, portanto, sustenta todas as coisas (Bahir, A. Kaplan, pg. 129). Esta concepção é a da absoluta certeza. Pois a Kabbalah é antes de tudo uma mística. Toda mística se sustenta num pressuposto básico anterior, que é a fé uma certeza (moral) além da razão. Para a Kabbalah, como concepção monista, tudo é Um. Um abrange tudo. Vejam o Shemá (Deut. 6:4): - Escuta, ó Israel, O Senhor é nosso D’us. O Senhor é Um. Só D’us é. Só há uma única e absoluta realidade: D’us.

Isaías (6:3) Santo, santo, santo, o Senhor das Hostes, toda a terra é preenchida com Sua Glória. Ou Ezequiel (3:12) Bendita seja a Glória de D’us desde a sua morada. Conforme inferimos dessas duas instruções, esses aspectos expressam que D’us preenche todos os mundos, enquanto os envolve a todos.

Quando se diz que Ele preenche e que Ele envolve então, os próprios universos onde Ele se oculta, é que se trata do próprio conceito do Tzim-Tzum, elementar para a metodologia do pensamento cabalístico.

Em nosso modesto trabalho de instruções para formação de estudiosos da Kabbalah, “Elementos da Kabbalah” desenvolvemos a tese de que Kabbalah não é filosofia, nem religião e nem magia. Isso estribado  nos Ensinamentos da Tradição e, reportando-nos às palavras do mestre, rabi Moisés de Burgos (séc. XIII), excluindo o conhecimento cabalístico do filosófico: - Deveríeis saber que estes filósofos cuja sabedoria tanto elogiais terminam onde nós começamos. Eis aí.

Paz Plena.

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