DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

domingo, 4 de setembro de 2011

COMENTANDO II


O Modelo Teúrgico-Teosófico

O mais conhecido dos modelos cabalísticos é teúrgico-teosófico. Por quê? Primeiro, porque se trata de um domínio de especulação que é tido como teosófico, e, por outro lado – e, isso é para se destacar – com a maneira como os feitos religiosos e humanos exerçam impacto sobre aquele campo que pode ser chamado de teúrgico (do grego theourgos – aquilo que trata do poder divino).

Para tal modelo, fundamental é a visão do reino divino, como constituído de uma série de dez fatores denominados de Sefirot (plural de Sefirah), já abordados alhures.

Sefirot são hipóstases divinas. Originalmente referiam-se a números (sêfer, com o radical hebraico das letras: samech (s), phe (f) e resh (r) sphr) místicos como desdobramentos do Infinito (Ein Sof). Trata-se de uma dinâmica onde o processo de interação entre esses poderes e eles próprios, assim como entre as atividades religiosas humanas e alguns desses poderes são a quintessência própria aos reinos divinos e humanos. Como as Sefirot formaram a essência divina, o reino divino aparece como um sistema complexo.

Cabalistas outros tomam as Sefirot como a divina presença no mundo, e há os que referem-nas como sendo poderes da alma humana.

Para Luria, o Leão de Safed, séc. XVI, todas essas configurações divinas nada mais são que naturezas antropomórficas evidentes, denominadas de PARTZVFIN (personalidades) que evidenciam a  principal estrutura de reino divino.

A TORÁ é também, concebida, enquanto símbolo, como representação da divina forma.

Um terceiro modelo teúrgico é central na Cabala Luriânica que se refere às centelhas espalhadas com a chevirah (quebradura) ha-Kelim.

O modelo teúrgico-teosófico de Safed (séc. XVI), acabaria como predominante e ele pressupõe que a linguagem reflete a estrutura interna do reino divino, o sistema sefirótico dos poderes divinos.

O rolo da TORÁ é um símbolo gráfico da forma divina, daí porque se supõe não tratar-se apenas de uma mensagem semântica da contemplação da maneira em que o texto foi dado, assim esse símbolo constitui uma representação fiel do inteiro mundo divino dentro da realidade inferior.
Outro tipo de símbolo: Jerusalém, concebida como o sítio unificado dos reinos mundano e divino, um locus onfálico a assumir a afinidade entre o nome e a entidade por ele designado.

Sem dúvidas, todo esse simbolismo é fundamentalmente um código para interpretar textos canônicos.

(continua)

Paz Plena. 

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