DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

TZIM TZUM

Em postagem anterior dissemos que retornaríamos a falar do TZIM TZUM. Trata-se de um dos mais importantes conceitos da KABBALAH, de início apontado pelo Sêfer há-Bahir, o Livro da Iluminação. Chama-se TZIM TZUM (em hebraico: - contração) a auto-constrição da LUZ DIVINA.
O Vazio e o En Sof Aur

Levando em conta o seu sentido literal, o TZIM TZUM é simples. Contudo, quanto a seu aspecto cosmegônico tem despertado muitas controvésias, o que o torna ainda mais intrigante.

O Ein-Sof suprime Sua Luz ao criar um espaço vazio (chalal paniu) de escuridão. O Ein-Sof é o todo, e nada há antes e além do Ein-Sof e Sua Luz. Essa restrição da Luz é que permite a Criação, quando um raio de luz, o Ein-Sof-Auer penetrando essas trevas dá início à Existência Manifesta.

Entrementes, alguns cabalistas mais modernos advertem-nos que não tomemos esse enunciado ao pé da letra já que não podemos atribuir qualquer conceito espacial ao Imanifesto. Prefere-se pois, considerar como conceitual essa declaração; assim, a compressão de Sua perfeição infinita ocorre, apenas, para que na existência houvera lugar para o livre-arbítrio e a realização do homem. Pode-se, também, explicar que essa contração vai se dar tão somente, na Sua Luz e não na Sua Essência.

O Tzim Tzum merecerá aprofundamento mais abrangente na Kabbalah de Isaac Luria, e diga-se de passagem, vai se constituir como a pedra de toque de sua Teogonia. Uma maravilha !

O paradoxo básico do Tzim Tzum tem causado muita perplexidade, pois, pergunta-se, estaria a Sua Essência fora do espaço vazio? Mas se não existe lugar algum onde Ele não esteja?

Esse paradoxo relaciona-se com a dicotomia da imanência e transcendência do Ein Sof. O mais interessante, no entanto, um modo bem típico das discussões cabalistas, é que o Rabino Nehuniá ben Hakana, autor do Bahir, começa o seu texto exatamente em o abordando. Na verdade, o objetivo é tratar desse paradoxo de como um D’us, absolutamente, transcedental pode interagir com Sua Criação.

O Rabino Nehuniá, contudo, afirma bem claramente ser de luz as trevas no espaço vazio, no que diz respeito ao Ein-Sof: - quando a criação do espaço vazio e de suas trevas, tanto como todos os mundos nele existentes, não transforma nem diminui a Luz Divina. E, incisivamente, adverte-nos que nem pensemos que os Sefirot sejam luzes para preencherem qualquer escuridão referente a Ele, pois, que para o Infinito tudo é sempre Luz, como está escrito: Salmos 139:12- Mesmo a Treva não é trava para Ti, A noite reluz qual o dia, luz e treva são o mesmo: (Ainda retornaremos...)

Paz Plena,

Ozâmpin

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