DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

domingo, 29 de maio de 2011

APRENDIZADO

Ele, ou, suas obras ! Faces ou Costas ?

“Mostra-me, rogo, a Tua Gloria” (Ex. 3318)

Água mole tanto bate em pedra dura, até que fura !

Causa-nos espécie toda vez que ouvimos pessoas clamarem ao Cosmos, ou ao Universo como se suas fossem as obras que são do Eim Sof, ora em exaltação ora em bajulação, ou como por súplicas e pedidos. Trata-se de um novo panteísmo ou de ignorância militante ?

Nos comentários sobre a epígrafe acima, colhemos:

Moisés pede a D’us que lhe mostre Sua gloria. Ele quer ver D’us, compreendê-lo, conhecer Seus segredos e o Eterno lhe responde:  Não me podes ver, pois não Me verá o homem e viverá; podes Me ver pelas costas, mas Minhas Faces não se farão ver.
Não se pode chegar a D’us pela frente, isto é, concebê-lo e compreendê-lo diretamente, porém podemos chegar a Ele pelas costas, isto é, pelas conseqüências e causas. Quando estudamos o mundo, a natureza e nos compenetramos deles, chegamos a D’us, é isto que Ele quis dizer a Moisés: Todo o tempo em que tu fores um ser finito, um ser mortal, limitado e juntado à matéria poderás ver as Minhas obras, porém não a Mim mesmo.
Moisés de Michelangelo
San Pietro in Vincoli, Roma

Ou por que desconhecem com o texto, ou por que não se atinaram com discriminação que o Eterno faz entre Si e Suas obras, ou por que não prestaram a devida atenção aos Comentários é que alguns tendo confundido o conceito de D’us com Suas obras, que são o universo, os mundos, a natureza etc, é que teimam em pedir auxílio ao universo; pedidos que deveriam ser feitos só a D’us, e que só Ele por Sua Misericórdia pode atender. Ou, confundem as faces do Eterno com Suas costas, então, apelando e erradamente suplicando-Lhe. Mas se se dirigem ao Eterno trocando-O por Suas obras, como pretendem que Ele os ouça ou venha atendê-los?

No entanto, mais adiante na Sua comiseração, o Eterno ensina-nos, através de Moisés, como fazê-lo. E disse: Eu farei passar todo o Meu bem diante de Ti (para ensinar como implorar Minha piedade) e farei misericórdia quando Eu quiser fazer misericórdia e Me compadecer quando quiser Me compadecer. (Ex. 33,19)

Pode-se ser mais explícito e mais claro ? E diz – Minhas faces andarão convosco !

Ele disse Minhas faces, e NÃO DISSE: Minhas costas !

E o Eterno insiste com Moisés: - Pois não te curvarás a outros deuses por que o Eterno é zeloso (ciumento)  de seu nome. Deus zeloso é Ele, (Ex.34,14 e 34,17). Deuses fundidos não faça para ti, isto é, deuses de matéria, como o universo !

Quem tem ouvidos, que ouça !

Paz Plena !

Ozâmpin 

quinta-feira, 26 de maio de 2011

TZIM TZUM

Em postagem anterior dissemos que retornaríamos a falar do TZIM TZUM. Trata-se de um dos mais importantes conceitos da KABBALAH, de início apontado pelo Sêfer há-Bahir, o Livro da Iluminação. Chama-se TZIM TZUM (em hebraico: - contração) a auto-constrição da LUZ DIVINA.
O Vazio e o En Sof Aur

Levando em conta o seu sentido literal, o TZIM TZUM é simples. Contudo, quanto a seu aspecto cosmegônico tem despertado muitas controvésias, o que o torna ainda mais intrigante.

O Ein-Sof suprime Sua Luz ao criar um espaço vazio (chalal paniu) de escuridão. O Ein-Sof é o todo, e nada há antes e além do Ein-Sof e Sua Luz. Essa restrição da Luz é que permite a Criação, quando um raio de luz, o Ein-Sof-Auer penetrando essas trevas dá início à Existência Manifesta.

Entrementes, alguns cabalistas mais modernos advertem-nos que não tomemos esse enunciado ao pé da letra já que não podemos atribuir qualquer conceito espacial ao Imanifesto. Prefere-se pois, considerar como conceitual essa declaração; assim, a compressão de Sua perfeição infinita ocorre, apenas, para que na existência houvera lugar para o livre-arbítrio e a realização do homem. Pode-se, também, explicar que essa contração vai se dar tão somente, na Sua Luz e não na Sua Essência.

O Tzim Tzum merecerá aprofundamento mais abrangente na Kabbalah de Isaac Luria, e diga-se de passagem, vai se constituir como a pedra de toque de sua Teogonia. Uma maravilha !

O paradoxo básico do Tzim Tzum tem causado muita perplexidade, pois, pergunta-se, estaria a Sua Essência fora do espaço vazio? Mas se não existe lugar algum onde Ele não esteja?

Esse paradoxo relaciona-se com a dicotomia da imanência e transcendência do Ein Sof. O mais interessante, no entanto, um modo bem típico das discussões cabalistas, é que o Rabino Nehuniá ben Hakana, autor do Bahir, começa o seu texto exatamente em o abordando. Na verdade, o objetivo é tratar desse paradoxo de como um D’us, absolutamente, transcedental pode interagir com Sua Criação.

O Rabino Nehuniá, contudo, afirma bem claramente ser de luz as trevas no espaço vazio, no que diz respeito ao Ein-Sof: - quando a criação do espaço vazio e de suas trevas, tanto como todos os mundos nele existentes, não transforma nem diminui a Luz Divina. E, incisivamente, adverte-nos que nem pensemos que os Sefirot sejam luzes para preencherem qualquer escuridão referente a Ele, pois, que para o Infinito tudo é sempre Luz, como está escrito: Salmos 139:12- Mesmo a Treva não é trava para Ti, A noite reluz qual o dia, luz e treva são o mesmo: (Ainda retornaremos...)

Paz Plena,

Ozâmpin

domingo, 22 de maio de 2011

O NOME DE DEUS

O NOME DE DEUS
Shem  há- Meforash

O Nome de D’us com quatro letras, IHVH, não é pronunciado e usa-se em seu lugar A-do-nai (meu Senhor). Quanto ao nome de Jeovah, encontrado em certas traduções da Bíblia, assinala mais uma leitura errônea do texto.
IHVH

De todos os nomes de D’us apenas o TETRAGRAMA é tido como um nome verdadeiro, sendo todos os outros, descrições.

D’us também é referido por Há-Shem (“O Nome”), tendo em vista a proibição de não chamar o nome de D’us em vão.

O Tetragrammaton (Tetragrama em grego) foi revelado a Moisés (Ex: 6).

Para a Kabbalah D’us dá vida ao mundo através do I.H.V.H. Por ser um dos quatro fundamentos, o IOD-HEH-VAU-HEH vai ser a referência do sistema ternário I.H.V. que se torna quaternário: IHVH, a caracterizar a sistemática reguladora do processo cabalístico, em se referindo aos quatro mundos, aos quatro elementos, às quatro direções cardeais, aos quatro naipes do Tarô; ainda no Tarô: às quatro figuras da corte, às quatro idades do homem, às quatro funções da mente etc.
Cartas Tarô


O Sefer Yerisah (o Livro da Formação) mostra as importantes tríades (oriundas do IHV), para a classificação das letras mãe; das três famílias fonéticas; da divisão ternária das sefírotes etc.

Duas letras dão 231 combinações que representam os Portões, cuja figuração pode ser como a de um conjunto que recapitula um triângulo, para o método lógico; mas para o cabalístico, algo mais completo, tem o aspecto de um quadrilátero.

Já o número de combinações de três (3) letras resulta em 1540. O Rabi Abraham Abulafia revela que este número é de 22 (vinte e duas) vezes o número 70 (setenta). O número 22 refere-se às vinte e duas letras do Aleph-Beit (alfabeto hebraico) e o 70 (setenta) às setenta primeiras línguas do mundo.

Cada letra representa um tipo distinto de informação, pois foi através das diversas manipulações das letras que D’us criou todas as coisas do mundo.
Do Nome de D’us, primeiro fundamento, passamos para o segundo fundamento: o Aleph-Beit.

Da combinação do Nome de D’us e do Alfabeto Hebraico aplicados no hieróglifo da Árvore (das vidas) chegamos ao terceiro fundamento, a própria Árvore.
Desses fundamentos explicamos tudo, absolutamente tudo, em Kabbalah. Pois para a Kabbalah tudo está ligado e por mais diversificado seja o todo, tudo é Um (Echad), e não há um segundo Um.

Eis por que está escrito e dito: -SHEMÁ ISRAEL, HA-SHEM Eloheinu, HA-SHEN Echad !   ou

SHEMÁ ISRAEL, ADONAI ELOHEINU, ADONAI ECHAD !
(Ouça Israel, O Senhor é nosso Deus, O Senhor é Um !)

Paz Plena,

Ozampin

quinta-feira, 19 de maio de 2011

O TEMPORA ! O MORES ! – II

O TEMPORA ! O MORES ! – II

...e lutou o Eterno contra Amalec de geração em geração. (Ex. 17,16)

Em pleno deserto, lugar de privações, disse Moisés ao povo:

Vede que o Eterno vos deu o sábado, por isso vos dá Ele na sexta-feira o pão para dois dias; fique cada um onde está, não saia ninguém de seu lugar no sétimo dia: e descansou o povo no sétimo dia.

Naqueles tempos; hoje, muito ao contrário do deserto de privações, estamos no desperdício das cidades modernas do fantástico mundo de alta tecnologia, no entanto, o povo não descansa nem no sétimo dia (e, menos ainda no dies dominica, domingo), conforme exige a usura do consumismo ululante das democracias ocidentais... E veio Amalec, Vaiavô Amalec ...

domingo, 15 de maio de 2011

ESTUDO DE KABBALAH

KABBALAH
Saber viver

A Kabbalah é uma Tradição de Sabedoria. Significa Receber e Transmitir.
Trata da vida humana e de suas inter-relações.
É um modo de pensar.
Seu estudo auxilia a conquista da qualidade de vida, tão almejada por tantos.
Venha conhecer e praticar.
Passe um dia diferente e divertido.

Dia: Domingo, dia 29 de maio, das 8h às 20h30min.
Local: Pousada e Restaurante do Museu.
Rodovia Baldicero Filomeno, 10100/ 10106, Ribeirão da Ilha, (48) 3237-8148.
Valor: R$ 250,00 (inclui café da manhã, almoço e coffee break).

Inscrições até dia 25 de maio com Ana Speck, (48) 9157-4384 ou anaspeck@gmail.com.
Depósitos na CEF, Conta Poupança 684-7, Agência 1348.
Favor enviar comprovante de depósito via e-mail.

Para grupos acima de cinco pessoas, desconto de 10%.

*Importante: Não se atingindo o número mínimo de pessoas a vivência será transferida.

PROGRAMA INTERATIVO

Recepção/ Congraçamento
Café da Manhã
8h às 9h

ATIVIDADE

Abordagem a matéria
Estudos e Aplicações
9h às 12h, com intervalos.
Explicações sumárias dos Fundamentos


Almoço e Descanso
Visita ao Museu
12h às 14h
Desenvolvimento dos Temas e Assuntos
Práticas/ Exercícios
14h às 17h
Bate-papo
Coffee Break
17h às 17h30min
Continuação do Aprendizado
Aplicações para seu dia a dia
17h30min às 19h
Relaxamento e Sugestões para os próximos encontros

19h às 20h
Encerramento
Confraternização
20h às 20h 30min



A TORÁ, QUANDO DE TUDO ELA JÁ TRATAVA !

Arieh Kaplan, mestre de reveladoras pesquisas históricas e científicas, indo além de suas revelações, traz-nos sempre outras, cada vez mais preciosas sobre os assuntos da Torá, explicando-nos o aparecimento do universo.

Uma delas é a citação do MAARÉCHET ELOCUT que trata dos eventos que se deram durante aquele espaço de tempo, em que o planeta era “vão e vazio”, Tôhu va-vôhu, conhecido de nossos alunos de Kabbalah. (ver “Elementos de Kabbalah” e “Numerologia Cabalística”, de nossa autoria).

O Tôhu va-vôhu, tempos “vãos e vazios”, mencionado na Torá teria durado 15 bilhões de anos, antes dos 15 bilhões anotados pela ciência contemporânea.
Outras abordagens assinaladas, quer no TALMUD quer no MIDRASH envolvem um dos mistérios (é preciso lembrar que alguns tolos confundem mistérios com segredos; que são coisas distintas entre si) da TORÁ quanto à Criação.

O Talmud explica que o Eterno criou o homem e a mulher, simultaneamente, em pensamento. Mas, deveras, só depois é que criou Adão, e dele Eva, no processo natural. Os dois relatos do Gênese se referem, pois, a esses dois atos distintos da Criação.

ARI (Isaac Luria) mais uma vez defende a tese que, portanto, houve duas criações: uma em pensamento e uma outra, de fato. Assim, os 07 (sete) dias da Criação descritos na TORÁ ocorreram há mais de 15 (quinze) bilhões de anos, antes até mesmo do BIG-BANG, quando tudo era “vão e vazio”, Tôhu va-vôhu.
Isaac Luria


O Eterno criou Adão como o primeiro de um novo tipo de ser.  E se humanos pré-existiram a Adão, foi ele, contudo, o primeiro a adquirir certa espiritualidade a permitir-lhe pudesse comunicar-se com D’us.

Ora, mas quem se comunica com o Supremo é sempre a alma (Neshamah)! Na leitura das Escrituras é preciso refletir e raciocinar, pensar e apreender, antes de decorar e repetir como papagaios relatos transcendentes que a nossa mediocridade lê como se fosse cartilha.

A Kabbalah ensina-nos a ler com a Consciência e não com a mente ordinária.

Paz Plena,

Ozâmpin.

LUMINOSIDADES

Estamos sempre recorrendo à figura do rabbi AKIVA(AKIVA BEM YOSSEPH), que viveu entre duas eras; tanaíta da 3ª geração, e é sempre de memória abençoada, célebre no estudo das “coroas das letras”.

Consta que fôra o discípulo de Eliézer ben Hirhanos e de Yehoshuah ben Channayna. 

Segundo os autores MIGENE GONZALES – WIPPLER, da obra Cabala Mística (Ed. Pensamento, pgs. 155/156), pode ser que o rabi Yehoshuah, acima citado, fosse Jesus de Nazareh, célebre cabalista, e um dos cinco principais discípulos do Rabi Yochannan ben Zakkai (47 a.e.c. a 73 d.e.c), todos tendo vivido a sofrido sob o império romano, de terrível lembrança.

Do Rabbi Aquiva colhemos estes PROVÉRBIOS:

- Amado é o homem, feito que foi à imagem de D’us. 
- Tudo está previsto, contudo, foi-nos dado a liberdade de escolha. O mundo é julgado com benevolência, mas tudo vai depender da preponderância das boas ações.
- Cuida de não dar conselhos que não lhe foram pedidos.
Ainda que o bezerro não queira mamar, a vaca quer amamentá-lo. (Como tal, é o desejo de transmitir do mestre, muito mais forte que o desejo de aprender do discípulo).
Se um marido e sua esposa são bons, a Schechinah (Presença divina) está com eles, todavia se não o são, consome-os o fogo !

Em seu último suspiro, quando de sua execução, tendo suas carnes rasgadas, o rabi exclamou: ECHAD !, último nome do SCHEMÁ.

Paz Plena.

Ozâmpin, maio 2011.

AFORISMAS

De Baal Shem Tov: (1698-1780) Fundador do Hassidismo:

- Se teu filho se perde em maus caminhos: ama-o mais que nunca.

- Quando eu morrer, sairei por uma porta e entrarei por outra.

- D’us não cabe naquele que está cheio de si.

sábado, 14 de maio de 2011

O DIA DE D’US E A IDADE DO UNIVERSO

Muito, muito tempo antes que a cosmologia hodierna chegasse às suas conclusões sobre a idade do Universo, isso já era uma preocupação da Kabbalah, conforme assinalam registros históricos.


O Rabino ISAAC DE ACO (1250-1350), conforme nos reporta o mestre Aryeh Kaplan, fez uma interpretação bastante elucidativa do conceito dos ciclos sabáticos, de que já falávamos em artigo anterior.

Ora, dizia o rabino, se os ciclos sabáticos existiam antes de Adão e o mundo referente a esses ciclos já tinha 42 mil anos (sexto ciclo: 6x7=42) quando Adão apareceu (é válido considerar que a humanida já existia antes de Adão. Ele seria tão só aquela criatura especial a partir da qual surgiria uma nova humanidade; tal qual, na mitologia egípcia, é com o surgimento de Osíris, o senhor do Amentet, que a alma viria fazer parte das criaturas humanas); continuando a explicação do rabino: se assim o fora, a cronologia desses ciclos deveria ser medida não pelos anos humanos, mas pelos do Divino. E o Midrash explica que um dia do Divino dura mil anos terrestres.

Assim temos: ano terrestre=365 ¼ de dias, equivalente a 365.250 anos.

Conforme conclui o rabino Isaac de Aco, levando em conta os 42 mil anos dos ciclos sabáticos (ref. a Adão), teria o universo a idade de 42.000 x 365.250 = 15.340.500.00 (quinze bilhões, trezentos e quarenta milhões e quinhentos mil anos).

A cosmologia altamente desenvolvida, orgulho da ciência atual, estima, em se reportando ao BIG-BANG, que a idade do universo é de mais ou menos 15 bilhões de anos !

Vejam só, a TORÁ ESCRITA, em uma de suas vertentes, já o assinalava há mais de setecentos anos; daí a procedência do Hafoch ba vahafoch ba dechula ba, ou seja, Revise-se (a TORÁ) vezes e mais vezes, pois tudo está nela.

Paz Plena,

Ozâmpin, maio de 2011.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O TEMPORA ! O MORES !

O TEMPORA ! O MORES !

Sombrias observações ocorrem-nos, não raro quando nos damos conta da dança, do que chamamos de valores história afora.

Os Anciãos, ou “os Antigos” nas sociedades do médio-oriente na Antiguidade eram referidos e tidos como pessoas que adquiriram “status” especial de respeito e consideração e, mesmo de tácita autoridade, nem só pela idade, antes pela sabedoria que a idade revela, mas, também, pela posição de importância que a experiência de vida que alcançaram outorgava-lhes.
Pintura de Rembrandt
Na história de Israel desde muito cedo se reconheceu o elo entre a dignidade do Ancião e a posição de liderança ou de comando por ele exercida. (Ver, entre outros, Ex. 3,16). A primeira menção relevante pode ser anotada em Números 11, 16.24, quando o Eterno ordena a Moisés de reunir setenta homens conhecidos do povo como antigos magistrados encarregados de participarem da experiência da Divina Presença, de receber a inspiração e de dividirem a responsabilidade do comando com Moisés.

Na introdução de AVOT,  a mishnah afirma que nos tempos bíblicos, os Antigos foram encarregados de manterem a continuidade da tradição religiosa, após a morte de Josué e, que, enfim, foram os Antigos que transmitiram essa responsabilidade aos profetas.

Outrossim, já na época talmúdica o título de Antigo fora identificado com erudição, demonstrando até que o hebraico “zaqen” é como tal um acrônimo de “aquele que adquiriu a sabedoria.”

Nos tempos de hoje, quando a tecnologia vem suprindo com sobeja satisfação a sabedoria, já pela sua imediata praticidade, já pelo fascínio de sua constante transformação utilitária para a produção de bens de consumo; a produzir mais e mais riquezas à satisfação da sofregidão consumista, a figura dos Antigos não só se extinguiu – e quanto aos antigos e aos idosos, sem nenhuma serventia nessa nova era; muito bem, e deveras, apenas denominados de macróbios,  dignos tão somente de comiseração, senão de desdém e despreço; inúteis que são para a produção e fracos para o consumo (pois, só consomem remédios) – como se tornou depreciada, e acaba por se constituir em um sério e incômodo problema para o Erário Público, haja vista o distrato que merece a nossa Previdência no Brasil !

Quem guarda sua boca e sua língua, guarda sua alma de penúrias. (prov. 21-23)

Paz Plena,

Ozâmpin

ENSINAMENTOS

Hilel dizia: - O inculto não teme o pecado, o ignorante não pode ser piedoso, o tímido não pode aprender, o irascível não pode ensinar; nem todos que se deixam absorver pelos negócios podem tornar-se sábios, e num lugar onde não houver homens, trate de ser o homem. (Mishná, 6)
Entrada da tumba de Hilel, o ancião
Imagem: Wikipedia

quinta-feira, 5 de maio de 2011

KABBALAH: UM PARADIGMA ATEMPORAL

Hafoch ba vahafoch ba dechula ba.
(Revise-se (a TORÁ) vezes e mais vezes, pois tudo está nela.)

Além, muito além de rígidos conceitos e de “eternas verdades” a Kabbalah se recria, por vezes e por vezes, nas trilhas traçadas por seus sábios; daí por que para acompanhá-la temos de nos manter alertas, estudando e de olho vivo (significados da letra “ayn”) nas rotações de suas concepções.

Arych Kaplan, mestre insuperável no seu afã de “conectar a ciência à TORÁ,  a filosofia à ação e o misticismo à lógica” como tão bem o definia o rabino Pinchas Stolper, traz-nos à luz um antigo trabalho cabalista atribuído ao tanaíta do primeiro século dessa era comum, o Rabi Nechunia ben há-Cana, intitulado Sêfer há-Temuná que trata dos ciclos sabáticos (shemitot) baseado no ensinamento talmúdico de que: o mundo existirá por seis mil anos, e, no sétimo milésimo ano, será destruído.

O Sêfer há-Temuná, no entanto, ressalva que este ciclo de sete mil anos é tão só, - prestem atenção – um ciclo sabático, conforme a opinião de que este universo atual teria 42 mil anos de idade, de quando Adão foi criado.

De acordo com o Sêfer há-Temuná, portanto, houve outros mundos antes de Adão ter sido criado, que se referiam aos mundos de ciclos sabáticos anteriores. Como há 7 ciclos sabáticos em um jubileu, há mundo de quarenta e nove mil anos, o que pode-se ligar aos 50 mil anos das eras do hinduísmo (as Yugas, já que estamos nos meados da Kali-Yuga, uma era de ferro). Outras implicações desses shemitot são as ilações possíveis às mais recentes teorias dos universos paralelos.

Conforme o Midrash D’us criou universos e os destruiu (Sêfer há-Temuná, 314)
O Ari (Isaac Luria) interpreta esse ensinamento como se tratasse de universos espirituais e não físicos. E, na verdade, como estágios de consciência, são mesmo espirituais e físicos.

Alguns falam de 974 gerações antes de Adão. Se Moisés era a 26ª (reparem no maior de 26, de Adão a Moisés, número que nos remete ao Tetragrammaton Sagrado (valor numérico de)) depois de Adão, pode bem ter havido outras gerações (974) antes de Adão.
Tetragrammaton
Ora, se não há nem tempos nem espaços na Eternidade, os universos paralelos se dão simultaneamente !

O tema é rico de sugestões e de elocubrações, por isso mesmo, retornaremos... e, com outras abordagens como a Idade do Universo ou o significado de um dia do Senhor, em contestando, duma feita, aquela visão estreita dos fundamentalistas cristãos que adotaram a idéia do “criacionismo”, uma interpretação absolutamente linear e literal do texto bíblico, por ignorarem as revelações da TORÁ ORAL.

Paz Plena !

Ozâmpin

LUMINOSIDADES

METANÓIA, s.f. (do grego metánoia)
Transformação básica do pensamento, ou do caracter. 2. por extensão Conversão espiritual.

Esta definição de metanóia nos remete ao Arcano XVI, a TORRE, do TARÔ (mera aplicação da sistemática da Kabbalah), quando essa transformação, ou até mesmo essa mutação do pensamento, é simbolizada, pictoricamente, pela fulminação da torre por um raio.
A TORRE
Esse sentido simbólico é expresso pela letra “ayn” do alfabeto hebraico que faz a ligação de Tiferet (o raio de luz da Consciência Superior) iluminando a mente concreta de Hod, demonstrando que o pensamento lógico e racional carece da luz da Consciência Superior, ou seja, dos mundos supernos.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

LUMINOSIDADES

GALYA RAZA (o revelador de segredos), obra de autor desconhecido, assinalava que a transmigração das almas (metempsicose) seria castigo para os pecados, quando o ser que se revestiria de certa forma refletiria então a natureza de seus pecados. Essa idéia de que a alma humana poderia reaparecer no corpo de animais teria tomado corpo por longo tempo. Na verdade, segundo Heródoto, historiador grego da antiguidade caberia aos egípcios a primazia dessa concepção: “os egípcios foram os primeiros a acreditarem na metempsicose”.
Busto de Heródoto, cópia romana do século II,
no Stoa de ÁtaloAtenas
Ari, o Leão de Safed, identificaria em um grande cão preto a alma de um fornicador. Sem dúvidas, a exposição mais sistemática dessa concepção vai ser encontrada nas obras do rav. Hayim Vital, discípulo do próprio Ari (Isaac Luria). Segundo esse sistema luriânico, cada uma das cinco partes da alma (as ditas cinco rotações: Yechidah, chayah, neshamah, ruach e nefesh), migraria independemente, de corpo em corpo.

Dessarte, cada alma pode ser tomada como uma combinação de elementos que teriam vivido no passado em diferentes circunstâncias, cada um deles tendo necessidade de certa sorte de ticcum (melhoramentos e/ou correções). A influência da obra de Vital tornou corrente o conceito de transmigração no misticismo hebraico até a época moderna.

Saltando dessa concepção às mais recentes teorias quânticas dos “universos paralelos”, ou dos “multiservos”, podemos cogitar que partes d’alma é que experimentam vivências em diversos universos, tudo, enfim, como partes fragmentadas de Adam há Rishon.

Vale a pena essa especulação !

Como curiosidade luminosa !