DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

O Caminho da Honestidade

Letra Tizad

Em outras ocasiões já tivemos a oportunidade de abordarmos este caminho. O caminho do justos, Tzadekim. A cabala é, antes de tudo, uma prática. Toda boa prática está firmada em rigorosa teoria, evidentemente. No caso, trata-se do “conhecimento objetivo” instrumento básico dessa prática, fundamentando-a e que a torna uma prática de vida.
A letra Tizad indica na Árvore Sefirótica a conquista de um estágio superior de evolução e de crescimento espiritual, quando se dá o abandono da esfera do Ego – Yesod para a do Self – Tiferete. Como soem dizer os mestres: a Árvore da Vida é um diagrama esquemático das Sefirót, ou Princípios Divinos que governam a Existência Manifesta. (...) A simples posse do conhecimento objetivo não implica compreensão. (obra citada pg.118) (...). A excessiva crença na própria importância implica a idolatria do Ego. E, embora o ego seja a identidade funcional e o centro do mundo para o homem natural, aquele que pretende tornar-se cabalista não pode permitir que assim seja. Ele deverá abrir mão de seu ego por um rápido instante e submeter-se às instruções de seu maguíd (elevado mestre espiritual podendo ser encarnado ou não), a fim de preparar uma nova fundação que lhe permita ingressar em segurança no mundo superior seguinte.
Obedecer a uma lei inclui beneficiar-se dela. Assim é também com a Cabala. Os princípios são inerentes a cada pessoa, bem como ao universo à sua volta, mas para alcançar os Mundos Superiores é preciso um grande esforço individual. Esforço esse sob as instruções de um maguíd dirige-se à preparação para a mudança aplicando a teoria à prática.
Estudar a dinâmica da Árvore não é suficiente. Entender a teoria dos pilares e das tríades, assim como os títulos das hostes e de anjos e os Divinos Nomes de Deus sem saber onde está não tornará o aprendiz cabalista. O início de treinamento consiste em enxergar a própria posição, perceber, enquanto aprende sua metafísica, que ele está, na maior parte do tempo, confinado á face inferior de Yetzirah, no reino de mecanismos mentais. Isto é conseguido por meio da observação e da aplicação das leis objetivas que ele é capaz de entender, para poder ter algum vislumbre das várias faces superiores na Escada da Árvore Ampliada. Para ajuda-lo, seu maguíd não só lhe fornece as informações teórica de Hod como também lhe proporciona uma vivência de Netzah, mediante exercícios. (Obra citada pg. 120/121).
Firmar posição é um termo cabalístico para designar esta operação quando com vontade, perseverança e muita disciplina, o praticante, seguindo à risca as instruções de seu maguíd, consegue transferir o conhecimento não luminoso de Yesod para cima, para a tríade Hod-Netzah-Tiferet. É quando se ultrapassa a linha limítrofe da consciência comum e ver-se-á no espelho luminoso do Self, com o nível do iniciante que vai se elevar na vertical ao longo do caminho da honestidade, entre Yesod e Tiferet. É mister, todavia, para que se consiga o Equilibro (específico dessa coluna dita do Fundamento, da Graça ou da Santidade), que haja harmonia na face inferior da psique, antes que o poder dos Mundos Superiores seja entregue ao aspirante; caso contrário ele desequilibrar-se-á e a operação será prejudicial tanto a si próprio como a outros, pois o equilíbrio necessário só será obtido pelo trabalho sistemático do aspirante. Dizem os mestres: O pensador deve sentir o fazer, o sensível deve pensar e fazer, e o fazedor deve pensar e sentir. Eis aí o que é praticar Cabala, sem por e sem tirar. Pois, ser cabalista “significa ser capaz de conscientemente e por vontade própria, elevar o próprio nível de Yesod até Tiferet. É possível apoiar-se na coluna da forma à esquerda ou na coluna da força à direita. Contudo, se não houver vida no pilar central, a Graça não poderá descer e sem a GRAÇA é melhor deixar a Cabala em paz. (Obra citada pg. 123). 

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