DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

ANOTAÇÕES À MARGEM DOS TEXTOS DA OBRA DE Z’EV BEM SHIMON HALEVI

OS CAMINHOS

Como já observamos alhures, a Cabala é a um tempo o Caminho e o Caminhante. O diagrama da Árvore Sefirótica de que tanto se utiliza reporta-se aos 32 Caminhos da Sabedoria. Já por si 32 Caminhos que apresentam a realidade de uma sabedoria que se revela e se aprimora através de uma experiência histórica (a Tradição) cuja tônica é o SABER-SER. O SABER SER, dir-se-ia que é tanto fidelidade quanto gratidão ao Eterno, doador das vidas.
Nesse seu estudo esclarece o autor o que vem a ser a Cabala, em suma, o próprio saber ser. Começa por tratar do Conhecimento Objetivo, que “o seu modus operandi, a prática da harmonia entre o pensamento e a ação, uma via de crescimento espiritual. A coerência entre o pensamento e a ação evidencia a prática cabalista.” Confirma o autor: Em determinado lugar a Cabala era praticada em termos puramente bíblicos, em outro foi estudada pela cosmologia, e num terceiro, tem como base a ciência dos números. Sua forma expressou-se em rituais, oração e contemplação, evocação de anjos e no estudo do alfabeto hebraico, na pesquisa sobre a natureza da alma e destino dos homens. Todas essas abordagens são válidas, desde que levem à relação correta entre homem, mundo e Deus. Qualquer coisa menos que isso não passava de mera erudição ou magia.
Assim, observamos, hoje em dia, a moda vulgar da falsa erudição, no dizer pedante de pseudo-esoteristas a remarcarem seus parcos conhecimentos em se expressando assim: “Entregamos tudo isso ao Cosmos” ou “ universo que resolva” etc e tal, como se o Cosmos ou o universo ou o mundo capaz fossem de solucionar algo que só ao Criador cabe. Ou se esses tais fossem mais importantes que o homem, para quem tudo foi preparado pelo Criador a fim de que este homem deles se dispusessem. Esses “modismos” incultos revelam o desconhecimento de como Deus criou o homem e o que era necessário para que esse homem pudesse vir e reinar. É sintomático e revelador que não possuem nem conhecimento objetivo nem esotérico, e que ignoram a relação correta entre Cosmos, Mundo e Universo com o Criador e com o homem. Falta-lhes a leitura do Gênesis a demonstrar a fraqueza de sua formação espiritual. Como esoteristas, pecam em não valorizarem justamente o aspecto esotérico dessa temática. É claro que o conhecimento objetivo indica a relação que tem de haver entre o invisível com o meramente visível. Este conhecimento não é erudição. É reflexão. Vem do Ensinamento (THORAH) e da tradição.
Logo adiante enfatiza o autor:
Nos bastidores e comandando a busca desse objetivo da Cabala encontraremos a THORAH que significa “ensinamento”. No judaísmo, isso é conhecido como a LEI. No entanto não se trata aqui o que a maioria dos judeus entende por lei quando lê os pergaminhos de Moisés ao sábados pela manhã. Já foi dito que as palavras na Thorah, são como uma fina vestimenta, atrás do tecido está a alma, e, dentro dela, a alma d’alma, que é Deus.
Ainda que o homem natural conheça profundamente as escrituras, isso não quer dizer, como já observado que perceba sua essência. Ele pode cumprir com rigor os Mandamentos, fato que lhe será creditado como mérito, mas isso não significa que ele entenda de que realmente trata a lei. Para tanto, é necessário uma transformação no modo de ver um processo de conversão que lhe possibilite conhecer não só o corpo e sua anatomia, mas também a alma que habita esse corpo.
As citações são indispensáveis para o entendimento que o autor se preocupa em no-lo revelar, mas que citá-las convém que os aprendizes e estudiosos se detenham as páginas 117 até a 125 da dita obra que comentamos  O Caminho da Cabala. Vale estudar e refletir o significado desse estudo.

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