DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

sábado, 16 de abril de 2011

ENTRE O BEM E O MAL (TO VE RÁ)

Na perspectiva do judaísmo a história de Adão e Eva explica o aparecimento do mal num universo em que o Criador qualificara de (Gen. 1,31) “muito bom”.  “Eu sou o Senhor, e não há outro”. (muito embora, alguns néscios pensem que existe um tal de “Universo”, como “senhor”).

A tentação e a expulsão de Adão e Eva. Michelangelo, Capela Sistina (1509)

Eu formo a luz e crio as trevas. Eu faço a paz e crio o mal (Isa 45:6-7), e assim, a “queda” do homem (experimentando o livre-arbítrio) obriga-lo-ia a se redimir diante do Senhor. Ora, esse posicionamento mostra-se bem diferente da visão da doutrina cristã do “pecado original”, que prioriza o fato de que “aquela perfeição perdida” pelo homem não poderá ser resgatada senão pelo aparecimento e auto-sacrifício do “segundo Adão” (1.Co.15.22).

Assim, o conceito de Cristo (do grego KHRISTOS) como salvador e redentor, difere do de Messias, MASHIACH do hebraico ungido, quando, no olam ha bá, o mundo vindouro, os justos juntar-se-ão a Ele numa nova ordem mundial, que ocorrerá quando a “inclinação para o mal” for enfim derrubada.

Algumas teorias de Kabbalah advertem-nos que a “inclinação para o mal”, ietser ha rá, se dá em Geburah, a 5ª Séfira, onde ocorre o livre-arbítrio, que já se percebe em Da’at (a não-séfira, do Conhecimento).

O Sitra achra, alusão ao mal, surge do próprio processo da Emanação, pela necessidade da auto-limitação dentro da luz da Divindade, para que entidades finitas pudessem existir separadas do divino.

Como tal, a ocorrência se dá no TSIM TSUM  e da Justiça limitativa de Geburah (5ª sefira; do Rigor).

Deveras, a humanidade vive um ciclo Gevúrico (cada ciclo representa  + ou – 7000 a 7500 anos). É por essa razão – ensina o esoterismo – que todos os grandes vultos dessa nossa atual humanidade aparecem como grandes luminares da moralidade e da ética: Humarábi; os mestres do Templo Egípcio; Moisés “MOSHE RABENU”; Buda; Jesus; Maomé etc.

E sendo 7 (sete) os ciclos, que se reportam ao Z’er Anpin (os 6 (seis) sefirotes e mais Malchut), percebe-se certa sincronia com aquelas teorias sobre as eras (UGA) do hinduísmo, de 50 mil anos para cada uma. Assim, os ciclos sabáticos (7 x 7200 anos) de judaísmo reportam-se às eras de hinduísmo, diz o esoterismo.

Para a Kabbalah, no olam ha bá o Sitra Achra (em aramaico, “o outro lado”) não mais romperá com a harmonia da Criação, quando a luz divina o iluminará. Os exegetas do esoterismo reportam-se às semelhanças com o mito do neter  SET, da mitologia egípcia, sendo, também, integrado à BARCA DE RÁ: - ...formo a luz e crio as trevas... Eu faço a paz e crio o mal (Isa 45:6-7). É tudo obra do Eterno, louvado seja !

Paz Plena, abril 2011.


GLOSSÁRIO:

TSIM TSUM (contração em hebraico) restrição da luz divina para permitir ocorresse a existência do mundo (Dado a importância desse conceito, retornaremos com ele)


Z’er Anfin
(face menor): As seis sefirotes abaixo das três superiores, e que representam o micro-cosmo, o ser humano arquetípico.

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