DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

sexta-feira, 11 de março de 2011

IR ALÉM DO NOSSO ENTENDIMENTO !

“... e não te fixa apenas em teu entendimento...”

A grande reflexão da KABBALAH é o Todo Poderoso. Não é, pois, que a toda hora se lhe propõem questões como tais: - Se existe um deus bom e justo, onipotente etc e etc, por que tanta injustiça, miséria e iniquidade ?
Até mesmo pessoas cultas repetem esse estribilho, todavia, pessoas cultas não são necessariamente inteligentes...
Rabi Sanai diz: NÃO está a nosso alcance (entender ou explicar) o sossego dos maus nem o sofrimentos dos justos. (MISHNÁ 19)  Segundo o Rabi essa resposta está fora do nosso entendimento.
Mas a pergunta procede para quem pensa que a divindade é ela da mesma natureza dos homens e concede-lhe os mesmos atributos com que nos qualifica. Entretanto, D’us é essência e, jamais, conseguiremos atinar com o que venha a ser essa essência. Quanto aos atributos, como se lhe há de atribuir qualidades, se Ele é o que não é !?
Salomão já nos ensinara falando da sabedoria da Torá: Se a buscares como prata, e procurares por ela como um tesouro escondido, então entenderás a reverência diante do Eterno e encontrarás o conhecimento de D’us. (Provérbios, 2:4-5)
Moisés como habitual interlocutor dos homens junto ao Eterno diz-lhe: Rogo-Te, se de fato achei graças aos Teus olhos, faze-me, rogo reconhecer Teus caminhos, para que possa compreender-Te. (Êxodo 33:13)
O Talmud interpreta esta passagem assim: Ó Rei do Universo, por que as coisas vão bem para alguns justos, e mal para outros? Por que alguns iníquos têm boa fortuna e outros não ? (T.B.Berachót, 7 a.)
Permitam-me certa observação fora do assunto, no entanto, pertinente quanto ao conceito de “Senhor do Universo”; e o de universo, tão somente, como natureza. Moisés, que conhecia as coisas, dirigia-se ao Eterno como o Senhor do Universo; por que será, então, que hoje, líderes espirituais (sic?) e esoteristas (serão?) “moderninhos”, dirigem-se ao Universo, como se fora uma “entidade”  e como se ele não tivesse um Senhor, e como se ele pudera ter algum poder para nos atender ?
Da onde vem esse novo e inculto panteísmo? Diz o Segundo Mandamento: - NÃO TERÁS OUTROS DEUSES DIANTE DE MIM !
Voltemos ao nosso tema:
Finalmente, o TODO PODEROSO lhe disse: - Verás minhas costas, mas Minha face não será vista. (Sbid, 23)
Irvin M. Bunim, autor da obra “Ética do Sinai” comenta que as costas representam o passado, o rosto, o presente, e esclarece: - A réplica do Todo Poderoso significa que U. não pode saber os motivos para a boa ou má sorte de alguém, pois, como ser humano, só lhe é dado conhecer o passado e não o futuro, o que torna a sua visão limitada. Como julgar, então, se o Eterno trata alguém com justiça ?

Dessarte, muito ao contrário, ao invés de pretendermos julgar os processos da Divindade, melhor fora cuidássemos de nosso entendimento.
O ZOHAR diz que O homem deve sempre ver a si mesmo como se o destino do mundo inteiro dependesse dele. (2,42a).

Paz Plena !

Ozâmpin, março de 2011.

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