DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

sexta-feira, 4 de março de 2011

FALANDO DE EGO ...

Foi Freud quem reconheceu que há dois níveis de atividade psicológica: o consciente e o inconsciente.
O Ego vem a ser aquela função da mente consciente que age como uma ponte entre os impulsos do id (nefesh) e as restrições do super-ego. Este modelo básico da psicologia freudiana, ainda mais desenvolvido pelas outras correntes psicológicas que se lhe sucederam, revela um sistema tripartite que bem pode ser relacionado à parte inferior da Árvore Sefirótica. Para a Kabbalah, o foco da consciência psíquica reside no Ego, que vem a ser na Árvore Daat-Yerod; enquanto que o que está inconsciente (ou sub-consciente, noutra maneira de conceber) está além da linha do limiar; (no modelo que adotamos da Árvore esse é o caminho representado pela letra NUN (e, no TARÔ,o Arcano XIV, a Temperança) entre Hod e Nezah.

A Temperança, segundo Jean Dodal
Assim, segundo a Kabbalah, o ego pode ser o foco de muitos processos que se dão entre a face superior do corpo (Árvore de Assiyah) e a face inferior da psique, (Árvore de Yezirah). Esse Ego (Yesod) vai diferenciar-se de Malchut mediante a própria experiência da encarnação, entre o corpo e a psique, em controlando aqueles impulsos do Id (Nefesh). Como tal o ego vem a ser o centro de recepção externo da psique, controlando e equilibrando humores, sentimentos, pensamentos, e, até comportamentos da psique inferior.
Então, o ego deve ser tomado como uma entidade dentro da própria psique. E não, como a identidade da pessoa, como parece entenderem uns.
O ego é, apenas, - mas como isso é fundamental ! – o que chamamos de “fundação da psique”. Daí, denominarmos o Yesod de Fundação.  Para a Kabbalah, psique e alma são coisas distintas entre si, muito embora possam ser estudadas em conjunto; tem-de-se levar em conta que são especificamente diferentes uma da outra: - a alma é antes um veículo da consciência do Si-mesmo, da consciência do indivíduo. É onde a pessoa se avalia e é um agente do livre-arbitrio, enquanto que a psique é apenas a consciência do corpo.
Dessarte, não se pode “anular, ou aniquilar o Ego”, como soem dizer, e, sim, alinhá-lo com a Consciencia Superior (Tiferet). Alinhamento da psique e da alma, é o que resulta.
Nem podemos abrodar esse assunto sem antes estabelecermos conceito de como ele ( ego) opera, a fim de não cairmos no erro infantil de certo pseudo-esoterismo que, em desconhecendo o que vem a ser a Fundação para a pessoa, acredita possa-se destruir a função do ego, ao invés de alinhá-lo, para o crescimento que se almeja.
O mito egípcio de como omitir Set (a ignorância, processo mitificado como “asno”) depois de vencido é integrado à Barca Solar; exemplifica o despojamento e a integração do ego à psique, como harmonização entre psique e alma.
Voltaremos ao assunto que não se exaure em algumas linhas.
Paz Plena !
Ozâmpin
Março de 2011.

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