DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

FATOS E FEITOS – II

A Mishná 12, que antes citamos, frisa que todo aquele cujas obras excedem sua sabedoria, sua sabedoria subsiste, no entanto, ao contrário, sua sabedoria não subsiste. A propósito o autor Irving M. Bunim, em sua obra A ÉTICA DO SINAI (Sêfer, Ed), destaca a divergência entre a concepção judaica da sabedoria da filosofia grega e cita Aristóteles para quem a função do ser humano, sua virtude mais elevada e seu propósito final são a vida contemplativa e o exercício de seu raciocínio. Ora, o Rabi Chanina ben Dossa bate frontalmente com esta tese aristotélica, em ratificando que para o entendimento talmúdico, sabedoria e conhecimento são apenas meios para se atingir o fim, já que o Talmud (T.B.Kidushim, 40) alega que sublime é o estudo porque conduz à ação. Deveras, para FAZER não é suficiente tão só boas intenções e pensamentos, melhores possam ser, mister é FAZER correto e bom, daí porque boas obras têm de exceder a sabedoria.

O filósofo medieval Rabi Iehudá Halevi explicava então que a filosofia grega é apenas uma floração que não produz frutos. (Rabi Iehudá Halevi, “O Luzari”). Como toda essa civilização ocidental é marcadamente aristotélica não é difícil inferir-se que dessa filosofia colhemos os frutos, estes da depredação do planeta !!

Para não falarmos de outros, sem antes olharmos para o nosso rabo, basta observarmos – e com qual tristeza o registramos – os estragos que o Estado Brasileiro vem cometendo na sua obra secular de devastação inclemente de suas florestas.  Um estado tipicamente positivista com a sua obra prima, esta República, filha dileta dessa filosofia pragmática, empenhada na cabal destruição total de nossas reservas, e, ultimamente agindo sob a cínica máscara do desenvolvimentismo e progresso via agronegócios !

A Sabedoria é essencial para a realização de obras que dignifiquem a ação humana tanto quanto o conhecimento. Mas fazer pelo fazer, é criminoso, é um atentado. É mister saber fazer, que é fazer apenas o bom e o correto. E para o bem comum!

Sábios já assinalavam em sua ira: - Que sejam carcomidos os ossos dos mechavê Ritsin; na tradução do aramaico: mechavê ritsin são aqueles que sempre estimam e calculam objetivos práticos e propósitos finais.

Toda sabedoria que não se transforme em realizações para o bem comum perece junto com seus autores e usuários e cai no esquecimento, não sem deixar enormes danos ao mundo. Este mundo que tem de ser o palco para a realização e a criatividade da sabedoria e que é tão só o meio para se atingir o fim, as realizações de feitos corretos e bons, que contribuam para a paz e tranqüilidade da humanidade e não só para seu fausto e iniqüidade !

O homem deve preocupar-se e sentir-se de fato comprometido com o outro ser humano. E com o mundo do qual usufrui a pletora da vida.

Para Heschel ,este homem moderno esqueceu-se de que representa a imagem divina, que é um símbolo; e esse esquecimento torna extremamente difícil ao homem encontrar o sentido para a sua própria existência. A coisificação da existência humana banalizou o sentido da vida do ser humano e da sua imagem, em substituindo a simbólica da humanidade e da sua predestinação pela do progresso sem o homem, e até contra o homem, já pelo luxo, o fausto e a tecnologia; quando o objetivo da existência passou a ser o de mera satisfação das necessidades que o luxo, o fausto e a comodidade venha a exigir em benefício de uma minoria locupletada.

Nunca se afastem de ti a misericórdia e a verdade, prende-as ao teu pescoço, escreve-as na mesa do teu coração, e acharás graça e boa opinião diante de D’us e dos homens. (Provérbios 43:3-4) Salomão. Ah, Salomão !

Paz Plena

Ozâmpin 

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