DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

FATOS E FEITOS – I

Para a Kabbalah este mundo – assiático – em que encarnamos é próprio da ação. É o do FAZER.
Toda a sabedoria de que somos dotados é para que FAÇAMOS, mas com sabedoria. Aqui estamos para que com criatividade e atividade efetivamente venhamos agir e participar dos feitos que nos cabe como cocriadores e coautores que somos do mundo criado. Nem estamos prontos, nem a criação ela própria não terminou, apenas continuamos no afã de participarmos dessa Grande Obra e de crescermos com ela.
Para tanto, é mister que além da Sabedoria de que dispomos, mercê da Providencia Divina, possamos compreender do que seja, e de ter conhecimento para ensejá-la.
A Árvore nos ensina que a Sabedoria vem de Hochmah; Compreensão de Binah e de Da’at – a não séfira – o Conhecimento. “Com a sabedoria se constrói uma casa, e com a compreensão ela se firma (e com conhecimento enchem-se os quartos).” (Prov. 24:3) E para que a obra seja perfeita façâmo-la com harmonia e beleza (Tiferet). Assim é que a Árvore nos revela de como os mundos superiores orientam e decretam nossa ação. Ação que viabiliza fatos e feitos que se dão em Malchut, o Reino.
Toda ação, com efeito, carece de intenção e de estudos. Para a Kabbalah estudar é necessário para que a ação seja a que é preciso fazer. Para que a ação se transforme em feitos carece de estudos, de intenção e de métodos. A Kabbalah é uma metodologia. Intenção e estudos reportam-se à letra AYIN (valor que se lê dezesseis e soma-se como setenta), ayin é a quarta potência de DOIS (DOIS=BET, que é sabedoria) e AYIN quer dizer atenção, intenção, estudos e olho vivo! É o caminho que exige a Harmonia de Tiferet, por isso, liga Tiferet a Hod. Hod, mente concreta, é que dá forma a nossas obras, boas ou más.
O rabi Chanina ben Dossa, já ensinava: Todo  aquele cujas obras excedem sua Sabedoria, sua sabedoria subsiste, mas todo aquele cuja sabedoria excede suas obras, sua sabedoria não subsiste. Claro que se prioriza os feitos! Estamos aqui para FAZER. Que seja correto o que fazemos e seja bom. Toda essa concepção peculiar ao pensamento cabalístico aponta para a importância da ação. Ninguém encarna para pastar. Há algo a FAZER. Mas é preciso que a esse FAZER se lhe empreste a intenção do correto e do bom. Agir, mas não só agir pelo agir, mas com a intenção de agir para o bem. Pois nos foi dado a glória e o poder de completarmos a criação, na qualidade de copartícipes e de coautores.
Malchut tem como virtude a discriminação que se revela pela necessidade da “preservação e conservação da obra do Criador” ou seja, de cuidarmos do Reino. Acaso essa civilização tão ciosa de si, esteja fazendo o correto e o bom? A destruição predatória do meio ambiente e da natureza é algo que dignifique a ação humana? Acaso estamos fazendo o quê com nossos feitos? Os fatos revelam que não estamos fazendo nem o bom nem o correto.
O filósofo Abraham Joshua Heschel dia que em uma sociedade democrática, alguns são culpados, todos são responsáveis, no que diz respeito à responsabilização do indivíduo pelo coletivo.
Aonde nos incluímos?
Vejamos na próxima postagem.
Ozam 

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