DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Encontros e confrontos


A História infelizmente registra que quase sempre encontros tornaram-se logo em confrontos, isso no diz respeito sobretudo as culturas e, ou as ideias. Na Arvore Sefirótica aprendemos, no entanto, que encontros podem e devem tornar-se oportunidades para mudanças positivas e transformações auspiciosas no sentido de partilha, ou de interações recíprocas. Por quê? Talvez tenha faltado nesses encontros que viraram confrontos, tanto a compaixão quanto a benevolência, sem as quais não se pode aproveitar a força e o enriquecimento enrustidos nesses encontros. 
Na Árvore observamos que a não – séfira DAAT, resultante de vetores de força de HOCHMAH (sabedoria, ABA) e de BINAH (entendimento, IMA) significa, Conhecimento, Paz e Filho, enquanto que tudo se dá na coluna intermediária do equilíbrio, ou da Fundição que é também, e por isso mesmo, tida como das Graças e da Clemência. Qualquer outra adjetivação torna-se pleosnática e inócua, pois Graça e Clemência dão a esta coluna a sua verdadeira significação. No triângulo d’Alma é Tiferet o lugar da conciliação dos eflúvios de Hesed com as de Geburah, daí ser denominado de Harmonia e Beleza. 
O Hieróglifo da Árvore, que é um grifo hierático explica melhor que tudo como funciona a compaixão e como sua força está para transformar todo encontro em comunhão, interação e participação como devêramos assim agir na vida. Partilha e interação são somas, adição, complementariedades, que só se pode obter pela benevolência e pelo amor, sem ego. No drama histórico não observamos senão egoísmos, malevolência, e nenhum traço por mais insignificante fora de compaixão. Tanto no que se refere a encontros culturais quanta à troca de costumes, hábitos, e de valores intelectuais, todos em geral exacerbados por orgulhos e vaidades, que nada valem, mas, que são, mesmo assim, portadores dos venenos da malevolência, do egoísmo e da esterilidade particularíssima e idiossincrásica de valores egóicos e individualizados .
A kabbalah que é o mais importante acervo da Sabedoria do Ocidente sempre soube assimilar a experiência de outras culturas e se enriqueceu nas diásporas do judaísmo.
Nilton Bonder em sua obra “Segundas Intenções” reconhece este ensinamento e cita: “Quando uma pessoa pensa em fazer algo perverso não deve ser imputada a essa pessoa a intenção até que o faça. Mas, se deseja fazer algo gentil, e por alguma razão acaba não realizando, deve-se considerar como se estivesse feito. (Salmos 30, & 4 , In: BONDER, p.61). E logo adiante, adverte: “ Toda vez que nas relações humanas houver assimetria, a malícia nos preencherá de segundas intenções. Essas assimetrias nos levam a convocar a justiça, que é um nível ainda mais profundo de manifestação de segundas intenções”.
Estados modernos, esses Leviatãs do Absurdo, são cheios de segundas intenções. E perdem oportunidades de se tornarem mais ricos com o que poderiam vir a conhecer a própria experiência desses outros povos de culturas tão distintas com que se encontram e se conflitam.
Em recente obra já encontrada no mercado, o mestre espiritual e líder político, Sua Santidade Dalai Lama, faz judiciosas observações da “Prática da Benevolência e da Compaixão”. Aconselho que leiam. O mestre em apreço dispensa apresentações, mas, seus enfoques são de uma importância para tomarmos posição a respeito do tema. Um tema importante que vai desde nossos primeiros contatos com o diferente até escândalos dos pré-conceitos e das exclusões, plenas de segundas intenções: o petróleo. Em nossa experiência existencial temos de avaliar que nossas pequenas atitudes de pura vaidade e soberba, podem tornar-se o combustível moral que justifica, por falta de compaixão, os desvarios políticos dos impérios que nos subjugam. Diz Bonder: “Essas assimetrias (de que falamos na citação acima) nos levam a convocar a justiça que é um nível ainda mais profundo de manipulação de segundas intenções. Novamente teremos que identificar o invisível para desmascarar o impulso moral. O Eu tratará de convocar seus amigos a ouvir suas razões. E eles serão muitos, porque, o território das segundas intenções é cheio de justificativas”. (p.61)
“O erro dos Estados é resultante óbvia da malevolência acumulada de seus cidadãos. Não se conhece história de Impérios em que seus cidadãos não fossem o que foram”.
As intenções são manipulações que demonstram os ardis do Ego, quer seja ego pessoal, quer seja nacional. Ego é sempre ardiloso. Quer seja pessoal, quer seja nacional tem de ser contido e alinhado. Tão forte que não se deve senão encaminhá-lo e retificá-lo.

Paz Plena !

Ozampin

Nenhum comentário:

Postar um comentário