O Modelo
Teúrgico-Teosófico
O mais conhecido dos modelos cabalísticos é
teúrgico-teosófico. Por quê? Primeiro, porque se trata de um domínio de
especulação que é tido como teosófico, e, por outro lado – e, isso é para se
destacar – com a maneira como os feitos religiosos e humanos exerçam impacto
sobre aquele campo que pode ser chamado de teúrgico (do grego theourgos –
aquilo que trata do poder divino).
Para tal modelo, fundamental é a visão do reino divino, como
constituído de uma série de dez fatores denominados de Sefirot (plural de Sefirah), já abordados alhures.
Sefirot são
hipóstases divinas. Originalmente referiam-se a números (sêfer, com o radical
hebraico das letras: samech (s), phe (f) e resh (r) sphr) místicos como desdobramentos do Infinito (Ein Sof). Trata-se de uma dinâmica onde
o processo de interação entre esses poderes e eles próprios, assim como entre
as atividades religiosas humanas e alguns desses poderes são a quintessência própria
aos reinos divinos e humanos. Como as Sefirot
formaram a essência divina, o reino divino aparece como um sistema complexo.
Cabalistas outros tomam as Sefirot como a divina presença no mundo, e há os que referem-nas
como sendo poderes da alma humana.
Para Luria, o Leão de Safed, séc. XVI, todas essas
configurações divinas nada mais são que naturezas antropomórficas evidentes,
denominadas de PARTZVFIN
(personalidades) que evidenciam a
principal estrutura de reino divino.
A TORÁ é também, concebida, enquanto símbolo, como
representação da divina forma.
Um terceiro modelo teúrgico é central na Cabala Luriânica
que se refere às centelhas espalhadas com a chevirah
(quebradura) ha-Kelim.
O modelo teúrgico-teosófico de Safed (séc. XVI), acabaria
como predominante e ele pressupõe que a linguagem reflete a estrutura interna
do reino divino, o sistema sefirótico dos poderes divinos.
O rolo da TORÁ é um símbolo gráfico da forma divina, daí
porque se supõe não tratar-se apenas de uma mensagem semântica da contemplação
da maneira em que o texto foi dado, assim esse símbolo constitui uma
representação fiel do inteiro mundo divino dentro da realidade inferior.
Outro tipo de símbolo: Jerusalém,
concebida como o sítio unificado dos reinos mundano e divino, um locus onfálico
a assumir a afinidade entre o nome e a entidade por ele designado.
Sem dúvidas, todo esse simbolismo é fundamentalmente um
código para interpretar textos canônicos.
(continua)
Paz Plena.
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