KABBALAH NÃO É
FILOSOFIA !!
A Semântica (s.f. do grego semantiké) que se define como: 1) Estudo da evolução do sentido das
palavras através do tempo e do espaço; semiótica, semiologia, etc; conforme
rezam os dicionários – não raro não passa de uma veste a cobrir a dura nudez da
ignorância. E, por causa da semântica, o termo “filosofia” fugiu do significado
rigoroso de certa disciplina que é, e passou a designar, também, um modo de
ver, ou de entender certos valores; ou já pela falta absoluta desses valores
quaisquer que sejam, e/ou de apresentar certos padrões de pensamentos, atitudes
e comportamentos, em geral, não muito justificáveis... Enfim, o termo “filosofia”
perdeu todo seu significado de disciplina específica e veio a ser entendido
como qualquer coisa, que por si, não é coisa nenhuma.
Ora, a língua é, por natureza, um fenômeno vivo e, portanto,
temos de nos conformar com a unanimidade no falar que, sem dúvida, é uma forma
da ignorância ululante de se manifestar. Mas, como o “vírus” da semântica é
altamente contagioso, e sobremodo, quando age na massa cefálica do vulgo
mundano e passa a contagiar a tudo que se lhe aproxima, assim como esse “vírus”
semântico atacou o termo “filosofia”, está atacando o sentido da palavra
cabala, já tão mal tratada pelo ocultismo vigente e pelos dicionários
encontradiços. Como tal, pasmem todos, a toda hora se ouve essa tirada acaciana
de que a cabala é uma filosofia. Ou seja, como conceito de filosofia foi esvaziado na
sua figuração em vista de sua maior abrangência e, já não quer dizer coisa
nenhuma: cabala, então, agora, já agredida pelo “vírus” semântico, também vai
acabar por vir a significar nada.
Cumpre-nos, em tempo, acudir o paciente combalido, acometido
pelo “vírus”. Embora possa dizer-se que Kabbalah é uma concepção de vida, esta
concepção não é absolutamente filosófica (especulativa), porque é antes
resultante da própria experiência da humanidade. E, da Sabedoria Anterior de
que somos todos dotados. A Sabedoria é o
canal da Essência de D’us e, portanto, sustenta todas as coisas (Bahir, A.
Kaplan, pg. 129). Esta concepção é a da absoluta certeza. Pois a Kabbalah é
antes de tudo uma mística. Toda mística se sustenta num pressuposto básico
anterior, que é a fé uma certeza (moral)
além da razão. Para a Kabbalah, como concepção monista, tudo é Um. Um abrange
tudo. Vejam o Shemá (Deut. 6:4): - Escuta,
ó Israel, O Senhor é nosso D’us. O Senhor é Um. Só D’us é. Só há uma única
e absoluta realidade: D’us.
Isaías (6:3) Santo,
santo, santo, o Senhor das Hostes, toda a terra é preenchida com Sua Glória.
Ou Ezequiel (3:12) Bendita seja a Glória
de D’us desde a sua morada. Conforme inferimos dessas duas instruções,
esses aspectos expressam que D’us preenche todos os mundos, enquanto os envolve
a todos.
Quando se diz que Ele preenche e que Ele envolve então, os
próprios universos onde Ele se oculta, é que se trata do próprio conceito do
Tzim-Tzum, elementar para a metodologia do pensamento cabalístico.
Em nosso modesto trabalho de instruções para formação de
estudiosos da Kabbalah, “Elementos da Kabbalah” desenvolvemos a tese de
que Kabbalah não é filosofia, nem religião e nem magia. Isso estribado nos Ensinamentos da Tradição e, reportando-nos
às palavras do mestre, rabi Moisés de Burgos (séc. XIII), excluindo o
conhecimento cabalístico do filosófico: - Deveríeis
saber que estes filósofos cuja sabedoria tanto elogiais terminam onde nós
começamos. Eis aí.
Paz Plena.
Hmm.
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