Você e o
outro.
Amai
ao próximo como deveis vos amar.
Em
decorrência de nossa mais recente postagem, “confrontos e
conflitos”, recebemos de nossos leitores e companheiros, reflexões
mui curiosas e procedentes, entre as quais a preocupação com a
caridade e a solidariedade, e da compatibilidade entre elas.
Para o
modo de pensar analítico que não leva em conta a interação de
características, já que é dual e não polar, e, portanto bem
diferente do pensar analógico, elas não se interagem. Para o pensar
analógico caridade e solidariedade são complementares, já que em
toda caridade há solidariedade, e a recíproca é verdadeira. Ainda
que possa ocorrer com a solidariedade algum desvio, há nela muito de
caridade. Se a solidariedade às vezes aparece envolvida com alguma
influência da vida material e, como tal ou por isso mesmo, deixa-se
contaminar por vibrações mais interesseiras de vaidades e poderes,
a caridade é puramente da ação, por ser espiritual. A
solidariedade é não raro uma participação condicionada por certos
interesses, posto que se trata de mera ação psíquica, função da
mente concreta, hodiana, prática e imediata.
Só na espiritualidade
a dação é plena, na vida social a competitividade macula as
intenções no interesse da sobrevivência, do ganho e do poder,
quanto mais numa sociedade de consumo, quando então perde um pouco
da sua autenticidade e pureza. É ai que se dá o que chamamos de
segundas intenções. Mesmo que se possa justificá-las, interferem na
espontaneidade da ação. Mas, senão são a mesma coisa, são, no
entanto, complementares.
A caridade é da alma, a solidariedade é um
aprendizado da humanidade através da história. Viver é um eterno
aprender. Na observância da mecânica da Árvore Sefirótica vamos
aprender que oposições não são contrários absolutos. Assim é
que geburah restringe e limita a força de expansão de
hesed, mas lhe dá forma. O mesmo ocorre com nezah
(criatividade) e hod. É hod que formula as ideias de
nezad, para que yesod possa filtrá-las ao passá-las
para malkhut, a esfera das formas finais, a revelarem a
manifestação, dando o aspecto definitivo a tudo que existe
neste mundo. A grande lição da ÁRVORE é que o sefirot são pares
complementares e que não se deve nem se pode compreendê-los como
antagônicos, e sim com a reciprocidade que os faz interagirem-se.
Daí a dialética cabalística ser tão orgânica e natural.
É pela
ÁRVORE também que se explica nesta numerologia a imanência dos
feitos e fatos, já que números são funções cósmicas e
evidenciadas pelas letras do aleph – Beit. As consoantes
hebraicas e numéricas é que vão servir para a determinação de
conceitos, arquétipos e ocorrências, a que se propõe a
numerologia.
Diz o
ZOHAR um dos textos fundamentais da Kabbalah: “pois,
quando o mundo foi criado, foram as letras celestiais que deram
início a todos os mecanismos do mundo inferior, literalmente segundo
o seu padrão”.
E
o grande cabalista, um dos fundadores da corrente dos hassidins, BAAL
SHEM TOV, assim se expressou sobre os mistérios do aleph- Beit:
“entre em cada letra com toda sua força, Deus habita cada
letra e, ao entrar, você se une a Deus”. E o profeta Isaías
aconselhava: “Pede para ti ao Senhor teu Deus um sinal (uma
letra) pede-o ou embaixo nas profundezas, ou em cima nas alturas”.
(IS. 7: 11)
Cumpre-nos
repetir o que temos sempre afirmado: - se a Kabbalah é o caminho, a
Árvore das Vidas é o mapa.
Em
tomando, com efeito, a caridade como propósito da alma, ela revela
um manifestação de amor e comiseração enquanto a solidariedade é
tão só uma postura de aprendizado do homem. Aprender a viver é por
os ensinamentos em prática, o que é útil, sábio, e proveitoso. E
se não nos move o amor, ao menos nos movera respeitar a dignidade do
outro, que é o que tem faltado nas relações humanas. Tomara que
consigamos mudar este comportamento. Isto é o quê a solidariedade
nos enseja. E queira a Deus sejamos bem sucedidos nesta intrépida
audácia!
Paz
plena
Ozam.