O Rabino Joseph Saltoun em sua obra,
recentemente, traduzida para o vernáculo e publicada por Kabbalah Livros, Rio
de Janeiro, 2012 – A Arte de viver
segundo a Cabala, faz-nos compreender de perto e de novo a importância
desta Tradição de Sabedoria com a sua proposição de trazer o Ensinamento para
todos nós. A kabbalah é um caminho, portanto, uma metodologia. Na decodificação
que se encarrega de fazer, vê que as escrituras são antes de tudo obras
cifradas e codificadas, dispensando a leitura meramente linear e literal,
revela que essa exegese requer vontade, clareza, firmeza e honestidade, e,
sobremodo, independência. A Kabbalah é o Caminho, mas o mapa do Caminho é a
Árvore da Vida. O autor nos mostra que é necessário observar o mapa, pois, além
de tudo ele é um roteiro que diz respeito à experiência da humanidade por esses
cinco mil anos. Talvez a interpretação que os historiadores e cientistas
sociais tenham feito das Escrituras tem sido falha por ignorância de
espiritualidade. Quanto à interpretação das religiões, pode ser que tenha
falhado mercê do dogmatismo (e há casos de fanatismo) e da fé cega.
O mais importante a assinalar é a
dica de que as Escrituras não são Ensinamentos que vieram do passado, antes,
pelo contrário, do futuro. A Consciência, como tal, fora do tempo e do espaço,
é a razão que explica isto. Dessarte, inóqua se torna o debate
histórico-sociológico sobre a escravidão no Egito, pois, não se tratava de uma
ocorrência do sistema político, mas, de um estado de consciência como se
depreende desse conceito à página 35.
“Assim quem acumular várias almas, e
conseguir realizar a missão de cada uma delas, receberá grande quantidade de
luz em sua vida. Todas as almas poderão se salvar, e depende de nós apressarmos
esse processo – depende de nossas ações e de nossa capacidade de acelerar o
processo de volta ao Paraíso”.
E à página 37: - “Na Cabala
falamos que cada pessoa tem uma missão espiritual e que, quando consegue
realizá-la, experimenta a consciência da eternidade. Vida eterna é também uma
consciência eterna. É uma forma de pensamento: se pensarmos de maneira
limitada, nossa vida é limitada”.
Não raro, temos conversado com
alunos de que a encarnação (esta vida física) é dádiva que teremos de
aproveitar para expandirmos nossa consciência, pois, ninguém encarna para
passear, menos, ainda para pastar. Noutro trecho lapidar de ensinamento,
podemos ler: - “O papel da providência: é equilibrar a qualidade da consciência, da
inteligência cósmica, e também proteger os seres humanos para que façam uso de seu livre – arbítrio, da maneira certa esse é o processo de
crescimento espiritual” (p.39).
Na página 41 ele explica bem o
papel da kabbalah e diz: “A Cabala decodifica o código que existe na Bíblia, código este que não
pode ser entendido sem a sua chave, que é o ZOHAR”. E parágrafo
afora faz interessantes, oportunas e objetivas explanações sobre as lições com
que nos provê o ZOHAR, livro fundamental da Cabala. E a alhures (p.47)
esclarece: “Moisés
não veio do deserto, nem do Egito, sua consciência veio do futuro. E todas
aquelas aparições de Deus a Moisés? Não era Deus no sentido convencional quem
aprecia, mas, a consciência da alma de Moisés, que se manifestava, e assim
conseguiu passar pelo tempo da
escravidão no Egito”. E
segue por aí a demonstrar que a escravidão é um processo consciencial do qual
podemos libertar-nos, se nos aprouver. E a Cabala está nos preparando para ultrapassar esse ciclo de tempo, o da escravidão.
O autor mostra a função da
Cabala, que nem a ciência, nem a religião, muito menos a consciência humana
robótica, obsessiva e compulsiva conhecem. O
julgamento não é desejo de Deus em punir, mas, é feito pela própria consciência
humana robótica, que é uma consciência obsessiva e compulsiva. Ora, o ZOHAR
foi escrito para preparar dessa maneira esse entendimento. Se querem saber a causa, existe um caminho certo.
O autor demonstra neste livro o
valor incontestável do labor humano intelectual (mas consciente do que seja a
missão de cada um, na sua encarnação, como modo de libertação (para alma)) e
nos ensina como preparar a nossa consciência para receber a revelação
messiânica; assim assinala o caminho que está ao nosso alcance.
“A imortalidade não vem do passado, ela
vem do futuro” (p. 54, primeiro parágrafo).
O que é que dá ao autor tanta
certeza e convicção do que afirma senão a vivência da Árvore? A Árvore não é a
penas um hieróglifo a explicar a Emanação da Vontade Divina, ainda que
importante seja. Ou um roteiro para a Arte de Viver. É tudo isso, sim. Mas, é
aquele caminho mapeado para a libertação da consciência de cada um, ensejo da
Espiritualidade. Ensejo que nos liberta da Escravidão a que nos submetemos se
não tomarmos a consciência de nossa missão. Oxalá ocorra Graça e Misericórdia
da Providência em socorrer a nós, se o quisermos com desejo, vontade e certeza.
Paz Plena.
Ozâmpin