DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CARTA DA ORGANIZADORA DO BLOG



Muitos talvez não saibam, mas todos os textos aqui postados foram manuscritos pelo professor Ozampin, e depois são datilografados pela organizadora deste blog.
Com muito pesar informo que o nosso professor encontra-se gravemente enfermo, motivo pelo qual os textos estão sendo datilografados num momento em que ele não pode lê-los.
Em sua homenagem, continuarei a postar todos os textos que me foram entregues pelo professor Ozam.
Peço que os seus alunos e leitores do blog façam uma corrente de orações e de pensamento positivo para que nosso mestre restabeleça sua saúde, e possa continuar a encher nossas vidas de clareza, sabedoria e bondade.


Aline
www.customizacaodeblogs.blogspot.com

TEMOR E MEDO

Quando falamos da letra Phe dizíamos que toda palavra tem força e poder, domínio. É por isso que na Kabbalah aprendemos a respeitá-la e a perseguir o sentido verdadeiro do que ela possa vir a expressar.

É comum, por exemplo, observar o espanto que causa a expressão “temor a D’us”; alguns, por sinal, acacianamente chegam a retrucar: a D’us devemos amá-lo... como se se tratasse de mera questão de semântica...

Ensina-nos o filósofo judeu, uma das figuras fascinantes dos tempos de hoje (falecido em 1972), que temor é aquilo que está encoberto e oculto e isso equivale a ser conhecido e aberto para D’us. Dessarte, Não é um sinônimo de desconhecido, mas, antes um nome para um significado que permanece em relação a Deus.


Diz Glória Hazan na sua magnífica obra “Filosofia do Judaísmo”, comentando o pensamento do filósofo: “O temor é o princípio da Sabedoria (um parêntese para nossa observação: - na Kabbalah, na Árvore das Vidas, é a Séfira Hoch-mah (Sabedoria) mistério, o que está oculto, por vezes, a emanação do Oculto do Oculto) – continua a autora – Nessa medida tanto um significado quanto uma sabedoria fundamentais são encontrados em Deus e em nossa relação com Ele, e não dentro do mundo”. E continua a autora assinalando que Heschel explica que esse relacionamento se dá no temor como um caminho de compreensão, um ato de insight de um significado que está acima de nós próprios, como uma via régia para a Sabedoria.

Assim, para HESCHEL o temor é uma intuição da dignidade de todas as coisas e sua preciosidade para Deus, uma concepção de que as coisas não são apenas o que são, mas também representam, embora remotamente, algo absoluto.

E mais adiante diz: o significado do temor é conceber que a vida toma lugar sob vastos horizontes que vão além do período de uma vida individual ou até mesmo de vida de uma nação, geração ou época. O temor nos capacita a perceber no fundo insinuações do divino, sentir em pequenas coisas o princípio da significância infinita, sentir o essencial no comum e no simples, sentir na torrente do que passa a tranqüilidade do eterno.

Para Heschel o conhecimento é sustentado pela curiosidade, mas a sabedoria pelo temor.

Aprendemos na Kabbalah que a Sabedoria é o princípio. No Gênese 1:1: No princípio (Be Reshit) D’us criou o céu e a terra. Be Reshit é Bet Reshit. A palavra princípio não é outra coisa senão a Sabedoria. Está, portanto, escrito Salmos (111:10) O princípio é a sabedoria, o temor a D’us. (Bahir, p.26)
Heschel afirma que temor é diferente de medo – comenta Gloria Hazan – e explica o medo por antecipação e a probabilidade do mal ou da dor, contrastando com a felicidade, que é a expectativa do bem. Temor, por outro lado, é o sentimento do maravilhoso e humildade pelo sublime, ou sentido na presença do mistério. Medo é abandono aos socorros que a razão oferece (Sal. 1712) ... Temor, distante do medo, não nos faz recuar ante o objeto que inspira temor, mas, ao contrário, nos atrai para perto de si. Isto acontece por que temor é compatível com amor e gozo. (Dt 10,12)

...O temor precede a fé e está na origem da fé. Devemos crescer em temor a fim de buscar a fé. Entendemos que só podemos crescer em temor à medida que tomamos consciência da onipresença de Deus. Devemos ser orientados pelo temor para ser merecedores da fé.

... A perda do temor é o grande impedimento para o insight (...) Os maiores insights nos acontecem em momentos de temor. Aqueles que sentem o maravilhoso compartilham do maravilhoso.

Num mundo em que se não distingue medo de temor, não se pode distinguir segredo de mistério, nem conhecimento de Sabedoria, por isso, não se distingue universo de D’us. E, assim... uma questão de saber, ou de conhecer ?

Paz Plena,

Ozam

sábado, 22 de outubro de 2011

ENSINAMENTOS

ESTADOS DE CONSCIÊNCIA

Da obra de ARYEH KAPLAN, Meditação e CABALÁ – Teoria e Prática (Sêfer Ed. SP), e como temos falado bastante, mas nunca é suficiente, sobre estados de Consciência, fizemos essas anotações complementares ao assunto:

Segundo o autor um dos que mais abordaram o tema foi Baal Shem Tov.

Trata de dois estados, referidos como MOCHIN GADLUT e MOCHIN CATNUT.

GADLUT quer dizer maturidade, ou grandeza.

CATNUT quer dizer imaturidade ou pequenez.

Assim, MOCHIN DEGADLUT equivaleria à consciência expandida e MOCHIN DECATNUT, à consciência comprimida.

Diz o autor que quando o ARI, um dos mestres da meditação fala do PARTSUF de Zeer Anpin ele desenvolve o que está resumido nos mais misteriosos textos zoháricos: Em seu desenvolvimento o PARTSUF do Zeer Anpin segue através dos estágios de nascimento e crescimento. Como um ser humano, este PARTSUE pode estar tanto num estado de imaturidade como, também, de maturidade. O estado de imaturidade é chamado de CATNUT, enquanto que o de maturidade é chamado de GADLUT.


Como leitor pode não estar muito ligado aos PARTSUFIM (Personificações) do Sistema do AR; a título de recordação, reportamo-nos ao quadro explicativo, a seguir:

PARTSUFIM

PARTSUF                                     SÉFIRA

ATICA CADISH                     O Antigo Sagrado
ATIC  IOMIN                        O Antigo dos Dias                   Kéter superior
ARICH ANPIN                       Grande Face                           Kéter inferior
ABA                                    Pai                                      HOCHMAH  - IOD
IMA                                    Mãe                                     BINAH -  HEH
ZEER ANPIN               Pequena Face (MACHO)    AS 6 SEFIROT seguintes-VAV
NUCVA                                FÊMEA                                  MALCHUT - HEH

Segundo o ARI, os Recipientes são adequados, então, para receber a Luz de D’us, este estado é chamado de Universo da Retificação (TICUN). Ao contrário dos cabalistas anteriores que só tratavam do Universo do Caos (TOHU), ARI era o primeiro a revelar os mistérios do PARTSUFIM que estão no Universo da Retificação.

É bom assinalar que estes PARTSUFIM interagem entre si de uma maneira antropomórfica. Todavia, é bom tomarem o antropomorfismo dessas proposições apenas simbolicamente e não de forma literal.

Assim, o Zeer Anpin refere-se ao Homem Superior, mas tudo neste PARTSUF tem uma contrapartida no homem. Daí concluiu Baal Shem Tov e ensinou que todos estes estados de imaturidade e maturidade do Zeer Anpin podem ser comparados – anotem bem – aos diferentes estados de Consciência na mente humana. Ou seja, são no homem estados de consciência expandida, ou comprimida. E acrescentava: quando uma pessoa está em estado de consciência expandida ela é iluminada em todos os caminhos da vida. Tudo que ela faz é com uma consciência diferente, seja comendo, ou bebendo, orando ou estudando.

APRENDIZADO

O Nome que está mais próximo de todas as coisas criadas. É através DELE que alguém entra na presença de D’us, o REI. Além deste nome não há nenhum outro, seja ele qual for, pelo qual alguém possa ver a face do REI abençoado.

ESTE NOME É ADONAI (Aleph Dalet, Nun Iod). É o nome associado a MALCHUT-REINO, séfira mais baixa. Este é o mais baixo nível do Divino. Do nível de ADONAI para cima, nós encontramos o mistério da UNIDADE.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

LIÇÕES DE KABBALAH

E quiçá levantes teus olhos para os céus e, vendo o sol, a lua e as estrelas – todos os astros dos céus – sejas seduzido e te curves a eles, e os sirvas, coisas que o Eterno, teu D’us, designou (para iluminar) a todos os povos que há debaixo do céu...
(Deuteronômio, 4:19-20)


- Os mistérios das letras do Aleph-Beit
(continuação das LETRAS)

A LETRA Pê (Phe)
... (maiúscula) = valor 800 – lê-se 17
... (minúscula) = valor 80 – lê-se 17

... acerca da Sabedoria é o silêncio (Avot 3:17)

Texto Yezirático:
Ele fez a letra Pê/Phe reinar sobre o Domínio
E Ele ligou a ela uma coroa
E Ele combinou uma com a outra
E com elas Ele formou
Mercúrio no Universo
A quinta-feira no Ano
Ouvido esquerdo na Alma
macho e fêmea.

é boca. Boca é o órgão da palavra, e a palavra quer expressar o domínio, do qual fala o texto yezirático.

Palavra é mantra, poder: - Pense (pensar é próprio à mente inferior concreta (HOD) bem, antes de falar !

Ah! Bastaria tivéssemos esse cuidado, essa atenção para que se evitasse tantos contratempos e aborrecimentos, senão trapaças (Mercúrio é um deus trapaceiro e enganador: mentiroso) e tragédias. Mas quem se cala ?

A palavra é arma de dois gumes: convence, dissuade e persuade, mas trai, fere e ilude. Ele dispôs minha boca com uma espada pontiaguda. (Isaías 49:2)
A palavra traz em si poder, domínio, e é portanto, sagrada, mas sua profanação (e quantas e quantas vezes não no-la profanamos?) implica em falha.

Na tradição crista encontramos em (MT, 12:36-37): Eu digo a vocês, no dia do julgamento todos devem contas de cada palavra inútil que tiveram falado. Por que você será justificado por suas próprias palavras e será condenado por suas próprias palavras. Mesmo assim não paramos de falar...

Já o TALMUD aconselha: Ensina tua língua a dizer não sei (quando não souberes), para que não mintas e depois te descubram. (Tratado Derech Erets, Zit, 3)

Eía que deveríamos cuidar antes de opinar, e, por isso, contar até com (100) antes de contestar alguém; e de contar até mil (1000) antes de emitirmos uma palavra de julgamento; mas não parar de contar jamais quando se tratasse de falar de alguém.

A título de ilustração, a letra Pê (boca) no Tarô, lâmina da Estrela, admoesta-nos contra a falácia, a mentira, a demagogia, a calúnia, os vitupérios. Veja só que bom seria (isso é sonhar demais; a Estrela, também, é sonhos e ilusões) se nossos políticos tivessem suas bocas costuradas e não fosse tão perjuros. Ah, mas isso é pura quimera, da Estrela. Palavras, ilusões, que bom se pudera ocorrer! Ilusões astrais, bem hodianas.

Já a sabedoria de Salomão nos advertiu. Como é boa a palavra em seu devido tempo !

Paz Plena.

Ozam

domingo, 16 de outubro de 2011

HUMANISMO INTEGRAL

A KABBALAH, muito ao contrário desse soidisant esoterismo, que invoca o universo na ilusão de que ele seja capaz de vir em socorro de nossas necessidades, como se o homem existira para o universo, e não esse para o homem, demonstra apriorística a importância do homem na obra do Eterno. Sentencia o ZOHAR que o individuo é como o mundo inteiro, posto que dentro de cada um de nós se encontra tudo que nos cerca: o universo, as nações, os gentios, os justos das nações do mundo, Israel, o Templo, e, até mesmo, o Criador – o ponto em nossos corações.
Por outro lado, lê-se nas Escrituras que D’us criou o homem e o colocou no seio do universo. Portanto, o homem, desde sempre, separado da natureza que o cercara, já que ele era a razão e a finalidade da Criação. É preciso não ler a Torá, apenas en passant, mas com atenção à colocação das coisas que ela revela.
O grande filósofo de nossos tempos Abraham Joshua Heschel nos chama a atenção de que a Bíblia seria antes, de ser um livro sobre D’us, um livro sobre o homem. Por ser a última das criaturas a vir à luz o homem recebe a bênção que lhe outorga o direito de dominar todos os seres criados antes dele, conforme destaca o Gênesis (1,26). O homem é a única criatura que recebeu diretamente do Criador o princípio da vida: e Ele insuflou em suas narinas o sopro (neshma) da vida, e o homem se torna uma alma vivente. (Gen. 2:7)
O Zohar diz que toda essa grandeza se dá por ter ele sido feito à imagem do Eterno. E quando se fala da Imagem reporta-se à faculdade do livre-arbítrio, à de criar, à de aprender, à de usar da linguagem,à da inteligência e à da Consciência, a um tempo relexa de si e da imagem divina que o caracteriza e o distingue. Deveras, é essa imagem que lhe dá toda essa dignidade, e, até mesmo, à sua própria dimensão corporal. Para essa concepção o homem é síntese indissociável de alma e corpo.
Diz o Talmud: Todas as criaturas celestes têm um corpo e uma alma de origem celeste. Todas as criaturas terrestres têm um corpo e uma alma de origem terrestre. Só o homem tem um corpo terrestre e uma alma celeste. Se ele realiza a vontade de seu Pai, ele se torna uma criatura celeste. Senão , ele se torna uma criatura terrestre, por inteiro. (Sifré, 300)
Tudo que D’us criou no mundo, foi criado no homem. No entanto o destino do homem não se acaba com a morte física. Espera-o um mundo vindouro, olam ha bá, das almas.
É, pois, vivendo que o home se faz imortal, e é a imortalidade que lhe permite viver.
As almas encarnam para aprender a crescer.
E você, amigo, aprenda para crescer em estudando a Kabbalah, mas não fique só no estudo; para ser, PRATIQUE  A KABBALAH.
Assim seja,
Paz Plena !
Ozam
  
APRENDIZADO
ENSINAMENTO
A propósito do Tetragrammaton Sagrado, IHVH; V de VAU representa o HOMEM que liga o mundo espiritual (o primeiro H (he), ao mundo da fisicalidade, H (o segundo He). Como tal o homem é um elo de ligação entre dois mundos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

APRENDIZADO

H O C H M A H
- anotações básicas –

As duas primeiras Sefirot são KÉTER, dita, CORDA,  e Cachmah – Sabedoria.
A Coroa que se usa acima da cabeça alude a Kéter, o que está além, isto é, o Ein-Sof, e revela aquilo que está acima da nossa capacidade de compreensão. Mas a Sabedoria é a primeira coisa que denota a Consciência que viremos a acessar.

É, pois, o que se pode chamar de começo. Se Aleph que liga Kéter a Hochmah é o que vem de antes, Bet, a segunda letra, marca o começo. Bet liga Hochmah – Sabedoria a Binah – Entendimento. Revela a recepção da luz, assim é tanto o começo (da Criação) quanto a casa (Bait) o que recebe e guarda.
Provérbios 24:3 “Com a sabedoria (Hochmah) se constrói uma casa, e com a compreensão (Binah) ela se forma, (e com o conhecimento (Daat) enchem-se os quartos). Diz o BAHIR: 14. Por que a letra Bet é fechada em todos os lados e aberta na frente? Ensina que é a Casa (Bait) do mundo. D’us é o lugar do mundo, e o mundo não é Seu lugar.

A séfora Cachimah – Sabedoria é o canal da Essência de D’us (no nosso modo de entender, isso é a Consciência, ou a Mente Pura e Indiferenciada) e, portanto, sustenta todas as coisas. Na ligação entre o Antes e o Começo (a criação), ou seja entre o Criador e a criação (essa que se dá em Binah) é o veículo que contém o potencial de todas as coisas.

Pode inferir-se de que se trata de um estágio da Consciência que, através da ligação com aquilo que o nosso sistema neural pode decodificar do que vem de Aleph, torna-se sabedoria. Essa apreensão do que veio poder-se-ia dizer tratar-se de Bênção (Berachá) que é a graça a permitir a MENTE de receber da Essência de D’us as capacidades da sabedoria. Assim, a Torá principia pela letra BET. Diz o BAHIR: 3. Porque a Torá principia pela letra Bet? Para que principie por uma bênção (Berachá). Como sabemos que a Torá é chamada de bênção? Porque está escrito (Deutoronômio 33:23) “O que preenche é a bênção de D’us...

A partir dessa conceituação de “bênção”  como o mais elevado grau de entendimento que possamos ter da Essência de D’us, infere-se um dos mais elementares princípios de Kabbalah, de que para que haja um “despertar de acima” é necessário haver primeiro um “despertar de abaixo”. Ou seja, antes que se receba de cima (ou seja, a bênção) deve haver algum esforço (intenção) de abaixo. Dessarte a letra Bet é que demonstra o funcionamento entre Hochmah – Binah; a transição entre a Transcendência de D’us e Sua imanência, que não apenas envolve mas preenche. Como tal a Sabedoria (a Consciência Inata) que é o Canal da Essência de D’us sustenta todas as coisas.

Tão magnificente é que MOSHE CORDO VERO, o grande mestre sintetizador, de abençoada memória, diz de Cachimah – Sabedoria que tem duas faces: a Face-superior que se volta para Kéter, ainda que não mui diretamente, mas mantém-se inclinada para ela,  a receber os influxos de Kéter, e a Face-inferior, voltada para baixo, já que o sentido de sua ação é sempre descendente. Este influxo reporta-se à Consciência que vem de antes, mas permeia e sustenta o mundo. Deveras, esse é o primeiro estágio de diferenciação de fluxo Divino. Quão numerosas são as Tuas obras, Eterno. Todas fizeste com Sabedoria. (Salmos 104-24)

Assim seja !

Ozam

domingo, 9 de outubro de 2011

APRENDIZADO

Antes o Ensinamento, agora O Aprendizado
Os 32 Caminhos da Sabedoria

O texto inicial do Sêfer Yezirah: (Livro da Formação)

1:1
Com 32 caminhos místicos de Sabedoria
Gravou YAH,
o Senhor dos Exércitos
o Deus de Israel
o Deus Vivo
Rei do Universo
EL SHADAI
Clemente e Misericordioso
Elevado e Exaltado
que mora na Eternidade
cujo nome é SAGRADO
Ele é Sublime e Sagrado
E criou SEU universo
Com três livros (Sefarim)
com texto (Sefer)
com números (Sefar)
e com comunicação (Sipur)

A Kabbalah ensina que esses 32 caminhos são aludidos na TORÁ nas 32 vezes que o nome de Deus Elohim aparece no relato da Criação. Nesse relato a expressão Deus Disse aparece 10 vezes. São paralelos às Dez Sefirot. As outras  22 vezes vão corresponder às vinte e duas letras do Aleph-Beit.

O número 32, Lamed e Bet, Lev, significa coração. É no coração que a MENTE PURA (a Consciência) é manifestadano corpo. Que significa? Essa MENTE PURA, que outra coisa não é que a Consciência, não é do corpo, pois, se manifesta nele, logo é de fora, vem do antes, é cósmica. Mas é ela que anima (dá vida ao corpo) logo, ela é a alma. (Um estado de consciência) E o coração, que é onde ela se manifesta, deixa de funcionar, tão logo, a influência dessa Mente (alma/consciência) cessa. Mas o que cessa não é a Mente, e, sim, pela sua ausência, o corpo. Ora, quando essa força (mental ?, consciencial ?, anímica?) deixa de funcionar no corpo, dá-se a morte. A morte do corpo, porquanto essa força, apenas, se ausenta... Por outro lado, o coração é que proporciona vida ao cérebro e ao sistema nervoso. Quando ele pára de funcionar, o sistema nervoso não prossegue funcionando, é que essa (Mente/Consciência Alma) não mais está presente no corpo. Ora, se é o coração que vincula Mente (alma) e corpo. Isto é LEV, que se reporta aos 32 caminhos místicos da Sabedoria (Consciência) é que anima a vida do corpo. Logo, a Sabedoria (Mente Pura / Consciência) é anterior à vida física, pois, ela é quem dá vida ao corpo; dá à vida, a tudo; mas quem os gravou? YAH, o D’us Vivo. Então, a Consciência é a Essência de D’us. Esses 32 Caminhos (LEV) são denominados de Caminhos de Sabedoria (HOCHMAH). HOCHMAH é Consciência Indiferenciada. É um nível acima de toda divisão. Indiferenciada. Então, nesse nível de Consciência, a Alma (um estado de consciência) é Universal, pois é a Consciência não dividida, individuada.

A antítese da Sabedoria, na Árvore, é o Entendimento: - Binah. Hochmah Binah, pares consortes e antitéticos. Binah quer dizer compreensão, vem do radical BEIN (entre). Enquanto HOCHMAH é MENTE INDIFERENCIADA, BINAH, entendimento, separa (entre) é o nível da didstinção, da divisão, e é tido como algo separado. Ora, em Hochmah o nível da Consciência é indiferenciada e anterior, em Binah, o nível é separado. Em Hochmah a alma é UNIVERSAL, em BINAH é o nível distinto da alma humana, individual. Deve-se inferir que no nível da Sabedoria todos estão inclusos (em Um), mas que em BINAH é onde cada alma individual assume sua própria identidade. Pode-se concluir, pois, que a alma com suas cinco rotações: - Yechidah e Chayah, próprias do mundo vindouro, e Neshmah, alma humana, com ruach e nefesh, inferiores, são próprias da Criação, ou seja, desse mundo. Mas que são estados d’alma, ou seja, estágios da Consciência, da Sabedoria, Essência Divina.

Eis aí. Paz Plena.
Ozam.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

ENSINAMENTOS - TUDO É UM!

KABBALAH E CONSCIÊNCIA

Recentes estudos sobre o desenvolvimento da Consciência, embora infelizmente, ainda não assimilados pela psicologia reducionista convencional, teriam descortinado amplos espectros sobre o conhecimento humano, a tal ponto que as fronteiras entre a Ciência hodierna e as antigas tradições de sabedoria estão desaparecendo...

Ao se afirmar que a Consciência (não é nossa) é cósmica, e, que só a alçamos mercê das capacidades do nosso sistema neural, novas perspectivas depararam-se-nos quanto aos estreitamentos com a metafísica, a ontologia, tanto quanto com a gnoseologia e a epistemologia além da física quântica, mecânica quântica e da cosmologia.

ERWIN SCHROERDINGER

No dizer do esoterista R.A. Schwabler de Lubicz O Universo nada mais é que Consciência e em todas as suas manifestações revela mais que uma evolução da consciência, da origem ao fim. E quando o físico ERWIN SCHROERDINGER confirma Toda a consciência é essencialmente uma...e o mundo exterior e a consciência são a mesma coisa, Só nos resta reportarmo-nos ao ZOHAR (III, 289b e 290) e repetir: Tudo está unido num mesmo todo (...) ao ponto que se torna fácil de ver que TUDO É UM.


No ensinamento milenar da KABBALAH aprendemos que 1ª Sephirah da ÁRVORE DAS VIDAS chama-se CHOCHIMAH, o YOD da EMANAÇÃO, e significa SABEDORIA. (Sabedoria Anterior equivale à Consciência Inata).

O termo Consciência é recente e, em relendo textos do Sêpher Yezirah e do BAHIR não é difícil assinalar que tanto a palavra SABEDORIA quanto à do Pensamento às vezes muito comum, no Bahir, são perfeitos sinônimos de Consciência e querem referir-se exatamente ao mesmo conceito hoje aplicado à Consciência.

Nos “32 Caminhos da Sabedoria”, o termo HOCHMAH, cabalístico, é considerado MENTE PURA e INDIFERENCIADA, que vem a ser  a CONSCIÊNCIA.
Ariel Kaplan, mestre inigualável nas suas exegeses, e de abençoada memória, comenta no Sêfer Yezirah: “A sabedoria é o nível acima de toda divisão, onde tudo é uma unidade simples.” Este é o próprio conceito de Consciência.” E, em comentando a sabedoria do Talmud esclarece-nos: - O Talmude, igualmente declara: “Quem é sábio? Aquele que percebe o futuro”. Isto é porque a Sabedoria é a força mental pura que transcende o tempo. No nível da Sabedoria, o passado, o presente e o futuro não foram ainda separados. Portanto, neste nível, alguém pode ver o futuro, exatamente, como o passado e o presente.

Outrossim, os “32 Caminhos da Sabedoria” na verdade trata de trinta e dois níveis de consciência, níveis cósmicos. Tanto é que as modernas traduções do termo hebraico séchel são de consciência.

Jesus, cabalista e terapeuta, dizia: A fim de que todos sema UM, e, como és Tu, ó Pai, em mim, e eu em Ti, também sejam eles em nós (Ev. S.João, 17:21).

O Upanishade diz que “Todo este Universo é na verdade BRAHMA”.
Para o BAHIR A Sabedoria é o canal da Essência de D’us e, portanto, sustenta todas as coisas (Comentários A. Kaplan, Bahir, pg. 123).

Parodiando-o, diríamos, A Consciência é a Essência de Dús que a tudo plasma. A um tempo, Imanência e Transcendência de D’us.

Paz Plena.

Ozam

domingo, 2 de outubro de 2011

LUMINOSIDADES

HASSIDISMO

Um movimento renovador e popular dentro do judaísmo, bastante contestado no seu início, teve sua origem na Polônia, no séc. XVIII com Israel ben Eliezer, Baal Shem Tov, geralmente conhecido sob o acrônimo de BECHT.

Um rio que saía do Éden banhando o jardim e de lá se dividia para formar quatro cabeças. (GEN. 2.10).  

Este versículo do Gênese bem que descreveria o desenvolvimento próprio do hassidismo, assim, o Éden representaria o BECHT; o rio, o Maggid de MEZERITCH; o jardim, E’LIMELEKH DE LYZHANSK, e, as quatro cabeças seriam MENACHEM MENDEL DE RYMANOV, ISRAEL DE ZOZIENICH, MEIR D’APTA, e JACOR ISAAC, o profeta de Lublin.

O chassidismo é menos uma tendência filosófica inteiramente inédita no judaísmo que um modo de relevar certas idéias já assinaladas no texto bíblico, na literatura talmúdica e, sobretudo, no ZOHAR e na KABBALAH, esta que teve nesse movimento uma intensa florescência. Deveras, o movimento evidenciava um surto de misticismo popular contra a esterilidade do intelectualismo de dentro do pensamento rabínico. O movimento promoveria no meio religioso a alegria (simchah) e o entusiasmo nas orações.

A devekut (ligação com D’us) que significaria que D’us está constantemente presente no pensamento do indivíduo qualquer que fosse a ação que ele praticara; para o hassidismo essa noção de devekut, como imanência de D’us no mundo, que no dizer do ZOHAR se afirma pelo que “não há nenhum lugar que está sem Ele”. Mesmo que alguns o interpretassem como mero panteísmo (tudo é D’us), seria melhor tomá-lo com “panenteísmo”. (D’us está em tudo).

A história do hassidismo revela um grande surto literário, com forte expansão de contos e estórias de espantosa faculdade imaginativa. Quando muitos hassidins cautelosamente mantinham suas reservas, de pé atrás, quanto a esses relatos miraculosos e os observavam com certo ceticismo, outros se empolgavam. Daí surgir um provérbio hassídico muito celebrado: - Quem acredita em todas essas histórias não passa de um tolo, mas quem não consegue acreditar nelas não é senão um herético.

Paz Plena.