DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

PONDO OS PONTOS NOS i i

Não raras vezes aparecem pseudo-exegetas com a maliciosa questão da origem da Kabbalah.  Deveras, não querem saber de nenhuma origem, querem tão-somente contestar e implicar. Não há porquê disso ! Se uns atribuem a origem do pensamento cabalístico a Suméria, outros ao Egito, a verdade incontestável e palpável é que a Kabbalah, como a conhecemos hoje, chegou-nos através do judaísmo.

Que importa se de gentios, ou não, tenha se originado, o que vale é que por várias e várias razoes históricas ela foi mantida na sua pureza e organicidade pelos sábios hebreus, desde muito cedo. E, com eles e por causa deles, cresceu, transformou-se e manteve-se mais viva que antes.

Se não hebraica, foi com a peculiar maneira deles de pensar, de argumentar e de discutir que adquiriu esta fisionomia atual.  E foi em trabalhando as Escrituras Santas que a sua metodologia se desenvolveu, a este ponto de quase perfeição absoluta a que chegou. Foi com o alfabeto sagrado, o Aleph-Beit que sua metafísica desabrochou-se.

O espírito do judaísmo enriqueceu tanto a Kabbalah como ela própria enriqueceu a religião hebraica. Sem uma coisa ser jamais a outra, chegaram a ser absolutamente tão similares que o mais perfeito exegeta não poderá dizer jamais quando uma acaba e a outra começa... Então, por que esse questionamento ? –  Gosto da maledicência e do escândalo ! E pior que isso, aquela postura infantil, senão perversa e ignóbil, do anti-semitismo. Mas não nos cabe aqui o diagnóstico de patologias.

Falemos de pensamentos sadios... e de gente sã que, que souberam manter por mais de 4000 anos, a Kabbalah como o mais relevante e sempre atual paradigma, válido para todos nós, gentios e judeus. O Eterno seja louvado ! Paz para todos os homens de boa vontade, por que para o cabalista amar o próximo é o que importa, o resto é enchimento !

Paz Plena.

Ozâmpin


Do esoterista Lubicz (R. A. Schwaller de) extraímos a citação:
... o homem é o universo.
Eu e Voce não somos dois. Pela identidade da forma, pela origem e pelo fim somos Um.
Eu sou o responsável de teu mal e de teu bem, de tua verdade e de teu erro. Nada posso para te modificar de imediato, mas posso tornar-te melhor em me tornando melhor. (apud em nossa obra Numerologia Kabbalística, vol. I, Pródomos – em editoração).
René A. Schwaller de Lubicz
1887-1961

LUMINOSIDADES

Dos Templos Egípcios e de Yeshua ben Myriam.

Todo aquele que tem o conhecimento não morrerá uma segunda morte. Seus inimigos não exercerão qualquer influência sobre ele, magia alguma o reterá na terra.
(Textos dos Sarcófagos, cap. 83)

Templo de Luxor, na margem leste do Rio Nilo


Evangelho de Tomé – 18:
Jesus disse: Vocês descobriram, então,  o princípio, de modo que procuram o fim? Onde o princípio está, o fim estará. Feliz é aquele que permanece no princípio: ele conhecerá o fim e não provará a morte...
-19- Jesus disse:
“Pois, para vocês há cinco árvores no paraíso; elas não se modificam, seja no verão, seja no inverno, e suas folhas não caem. Quem quer que as conheça não provará a morte.”


Textos das Pirâmides:
Vive a vida, pois, verdadeiramente, não morrerás a morte.

sábado, 23 de abril de 2011

PESSACH

No ano passado enviamos esta mensagem para os mais íntimos, e, com vistas à sua realidade, aproveitamos do nosso blog para torná-la mais abrangente, na expectativa de que todos nós possamos permanentemente continuarmos passando por sobre nossas fraquezas.

Assim seja !

A refeição ritual do seder. Hagadah, Espanha, século XIV

PESSACH / PÁSCOA

PESSACH quer dizer passar por sobre.

Há tantos obstáculos nos nossos relacionamentos que mais parece separar-nos abismos insondáveis.

Se ousássemos a TRAVESSIA, e

Se pudéssemos passar por sobre nossas vaidades e pedíssemos perdão uns aos outros,

Se pudéssemos passar por sobre nossos pudores e confessássemos nossos desejos,

Se pudéssemos passar por sobre nossas invejas e déssemos valor a quem tem,

Se pudéssemos passar por sobre nossas certezas e ouvíssemos o outro,

Se pudéssemos passar por sobre nossas convicções e déssemos espaço para os outros,

Se pudéssemos passar por sobre  nossas inibições e pudéssemos falar de nosso amor,

Se pudéssemos passar por sobre nossa soberba e ríssemos de nós mesmos,

Se pudéssemos, enfim, se, se pudéssemos sim, sim, mas há tanta coisa que precisaríamos de passar por sobre elas, que levaríamos todo o tempo de nossas vidas e eternidade afora...

Todavia, Se Deus

Quisera passar por sobre nossas casas, como fizera ao passar por sobre as dos israelitas de umbrais pintados com o sangue do cordeiro pascal e nos 
Poupara de nossas parvices, enchendo-nos os corações de humildade, isso sim, seria a Páscoa, a permitir a travessia de que tanto precisamos...

Para chegar ao outro ! ...

Paz Plena,

Ozâmpin, abril de 2011.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

O APRENDIZADO

A Kabbalah tida como tradição de Sabedoria é não menos uma tradição de ética, na observação rigorosa dos mitzvot (mandamentos: segundo a MIDRASH significam leis ditadas pela moral e consciência humanas).
Daí lembrarmo-nos a todo instante das lições do rav. Yehudá Ashlag: - o saber não é o objetivo do estudo e sim um meio para Semear a Vontade Superior, a Vontade e o Desejo de Dar e Beneficiar, no coração do homem. (...) É isso que mede o nível espiritual do homem. Isso é todo o homem.

Rav. Yehudá Ashlag

Podemos constatar na Árvore que as sefírotes supernas Kéter-Coroa, como Vontade Superior, e Hochmah e Binah, como Sabedoria e Compreensão são como raios de luz projetando a claridão da não-sefirah Da’at (Conhecimento), a demonstrar que o conhecimento é mesmo uma conseqüência, resultado da Vondade-IOD-Sabedoria-Heh-Entendimento-Vau que se completam, ou se realizam, no Conhecimento-Hah.
O Sagrado Nome de D’us já o explicita I-H-V-H.
Assim, conhecer é uma prática.
O mestre Hillel, de abençoada memória, já nó-lo ensinava: - Aquele que não aumenta o seu conhecimento o diminui. E ainda reiterava: - Aquele que não estuda limita seu direito à vida.
É lógico que para essa cultura a Sabedoria e o Entendimento são elementos indispensáveis às ações, isto é, ao Conhecimento.
Tal a importância desse aprendizado para os que chegam à Kabbalah, que se avisa se assim o fazem somente no afã de adquirirem informações ou de ilustrarem sua erudição, saibam, baldados seus esforços, pois não serão capazes de captar a luz que emana daqueles textos.
A Kabbalah é iniciação espiritual, e a espiritualidade é uma práxis: saber-viver e saber-ser, para merecer. E estudar é preciso para crescer. Mas todo estudo visa à praticidade, a experiência de vida.
Aquele que estuda para ensinar pode estudar e ensinar. Aquele que estuda para praticar, pode estudar, ensinar, observar e praticar. (Avot, 1, 13)
Por um lado, se o estudo é necessário para alcançarmos nossas aspirações, cuidemos de que o aspecto mais importante de uma pessoa são suas aspirações e não suas conquistas porque o egoísmo é que exige conquistas. (Talmud, Sotah) E cabe-nos a todos a obrigação de transformarmos nossas intenções egoístas em altruístas, ou debalde serão aquelas aspirações de crescimento e transcendência.
Assim já dizia o Rabi Chanina ben Dossa: - Todo aquele cujas obras excedam sua sabedoria, sua sabedoria subsiste; mas todo aquele cuja sabedoria excede sua obra, sua sabedoria não subsiste. (MISHNÁ-12)

Paz Plena,

Ozâmpin, abril de 2011.

sábado, 16 de abril de 2011

ENTRE O BEM E O MAL (TO VE RÁ)

Na perspectiva do judaísmo a história de Adão e Eva explica o aparecimento do mal num universo em que o Criador qualificara de (Gen. 1,31) “muito bom”.  “Eu sou o Senhor, e não há outro”. (muito embora, alguns néscios pensem que existe um tal de “Universo”, como “senhor”).

A tentação e a expulsão de Adão e Eva. Michelangelo, Capela Sistina (1509)

Eu formo a luz e crio as trevas. Eu faço a paz e crio o mal (Isa 45:6-7), e assim, a “queda” do homem (experimentando o livre-arbítrio) obriga-lo-ia a se redimir diante do Senhor. Ora, esse posicionamento mostra-se bem diferente da visão da doutrina cristã do “pecado original”, que prioriza o fato de que “aquela perfeição perdida” pelo homem não poderá ser resgatada senão pelo aparecimento e auto-sacrifício do “segundo Adão” (1.Co.15.22).

Assim, o conceito de Cristo (do grego KHRISTOS) como salvador e redentor, difere do de Messias, MASHIACH do hebraico ungido, quando, no olam ha bá, o mundo vindouro, os justos juntar-se-ão a Ele numa nova ordem mundial, que ocorrerá quando a “inclinação para o mal” for enfim derrubada.

Algumas teorias de Kabbalah advertem-nos que a “inclinação para o mal”, ietser ha rá, se dá em Geburah, a 5ª Séfira, onde ocorre o livre-arbítrio, que já se percebe em Da’at (a não-séfira, do Conhecimento).

O Sitra achra, alusão ao mal, surge do próprio processo da Emanação, pela necessidade da auto-limitação dentro da luz da Divindade, para que entidades finitas pudessem existir separadas do divino.

Como tal, a ocorrência se dá no TSIM TSUM  e da Justiça limitativa de Geburah (5ª sefira; do Rigor).

Deveras, a humanidade vive um ciclo Gevúrico (cada ciclo representa  + ou – 7000 a 7500 anos). É por essa razão – ensina o esoterismo – que todos os grandes vultos dessa nossa atual humanidade aparecem como grandes luminares da moralidade e da ética: Humarábi; os mestres do Templo Egípcio; Moisés “MOSHE RABENU”; Buda; Jesus; Maomé etc.

E sendo 7 (sete) os ciclos, que se reportam ao Z’er Anpin (os 6 (seis) sefirotes e mais Malchut), percebe-se certa sincronia com aquelas teorias sobre as eras (UGA) do hinduísmo, de 50 mil anos para cada uma. Assim, os ciclos sabáticos (7 x 7200 anos) de judaísmo reportam-se às eras de hinduísmo, diz o esoterismo.

Para a Kabbalah, no olam ha bá o Sitra Achra (em aramaico, “o outro lado”) não mais romperá com a harmonia da Criação, quando a luz divina o iluminará. Os exegetas do esoterismo reportam-se às semelhanças com o mito do neter  SET, da mitologia egípcia, sendo, também, integrado à BARCA DE RÁ: - ...formo a luz e crio as trevas... Eu faço a paz e crio o mal (Isa 45:6-7). É tudo obra do Eterno, louvado seja !

Paz Plena, abril 2011.


GLOSSÁRIO:

TSIM TSUM (contração em hebraico) restrição da luz divina para permitir ocorresse a existência do mundo (Dado a importância desse conceito, retornaremos com ele)


Z’er Anfin
(face menor): As seis sefirotes abaixo das três superiores, e que representam o micro-cosmo, o ser humano arquetípico.

sábado, 9 de abril de 2011

ENSINAMENTOS – LIÇÕES PARA O DIA A DIA

Comunidade em hebraico é tsibur composta por três consoantes: ts (tsade), b(bet) e r (resh). Cada uma dessas letras relaciona-se com uma palavra:

Ts (tsude), tsadikim, os justos;
B (beit), bemunim, os intermediários;
R (resh), reshaim, os iníquos.

Qualquer comunidade é constituída de todo tipo de gente, desde os justos aos vilões, passando pelos intermediários. A diversidade explica o mundo !

Para viver temos de aprender a conviver com toda espécie de criaturas. Compreendê-las e não julgá-las ! Por isso sempre é de bom alvitre alguma prudência. Só os néscios não têm recatos e são afoitos. Os sábios talmúdicos nos advertiam que até falar bem de um amigo pode levar à calúnia. Falar demais pode também propiciar o pecado.

Shamain (Michmá 15) diz: - Faz do teu estudo da Torá um hábito permanente; fala pouco e faz muito, e acolhe todo homem com um semblante agradável.

Num comentário ao episódio de Noé, o editor da edição da Torá, A Lei de Moisés, de Sêfer Ed. e Livraria, relembra-nos que os doze meses passados na Arca ensinaram a Noé e à sua família o conceito de convivência. Por força das circunstâncias, eles readquiriram conceitos e valores que se desgastaram na sociedade e cultura em que viviam. Através da experimentação no cotidiano, lhes ensinou que a vida em comum com outras pessoas só é possível a partir de concessões mútuas e do reconhecimento da existência e das necessidades do próximo. Assim, Deus pôs à prova a bondade de Noé. Aprovado no teste, ele adquiriu a condição de tornar-se o fundador da segunda humanidade.
Isto é ensinamento, válido pela experimentação histórica. É assim que a Kabbalah nos instrui:  a Ética da práxis.

Obra O DilúvioCapela Sistina, de Michelangelo Buonarroti.

UM CONVITE

Aproveitando o ensejo desse Ensinamento, ressaltamos que não se trata de proselitismo, mas a Kabbalah é a mais antiga tradição sapiencial de espiritualidade, a qual não raro, se constrói através de correções de hábitos que praticamos sem atentar com as suas injunções.

A Kabbalah não é obra de um ser humano. Como vimos no exemplo do episódio de Noé, é o resultado da própria experiência da humanidade. Ao contrário de muitas teorias hodiernas ela é fruto da história mesma do ser humano e do seu aprendizado.

Dessarte, seu saber-ser é a um tempo seu saber-viver. Trata-se de um acervo de conhecimentos vivenciados através dos tempos... que remonta aos primórdios da Criação em se projetando à alvorada do Mundo Vindouro.

A Kabbalah é um caminho – não confundir caminho, com percurso, que é a distância apenas entre dois pontos. Caminho é desafio da Consciência. E a Kabbalah é ela própria, a força da Consciência do Ser. Em grego caminho é “methodos”. Como metodologia que é a Kabbalah é o processo que faz com que esse caminho seja possível e efetivo.

Mas não acredita no que ouves, vem experimentar, compreender e conhecê-la.
Aceita o nosso convite: continua acessando nosso blog.

Paz Plena.

Ozâmpin

Obs: Toda semana fazemos nossas inserções de matérias que ilustram nosso testemunho.
Vem ! Vem ! Crescer e ser !