DEUS E O COMPASSO. Nesta pintura de William Blake, Deus utiliza um compasso para tornar real o desenho criativo.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O PRIMEIRO DEGRAU


O saber não é o objetivo do estudo, e sim um meio para semear a vontade superior, a vontade e o desejo de dar e beneficiar, no coração do homem. (Yehudá Leiv Halevi Ashlag)
                  Por volta de 1949, em Paris, conheci o “TAROT”, algo que até então nunca ouvira falar. Fascinado, entreguei-me a estudá-lo sempre intrigado com o seu significado.

Foi aí que meus instrutores levaram-me a um certo cabalista. Mestre especial logo me convenceu que a tarologia não passava de uma aplicação da Kabbalah, a qual, doravante, tornar-se-ia a razão de minhas buscas... e lá se vão 61 anos !
Fui aprendendo que a Kabbalah , a mais antiga tradição de sabedoria no Ocidente, como tal, não sendo obra de um único gênio humano, apesar de seus incontáveis mestres, é tão só o acervo das experiências de toda a humanidade.
A Kabbalah é um caminho, mas como bem nos lembraria o poeta Antonio Machado: “Caminhante não há caminho, faz-se caminho ao caminhar”. E, como caminho em grego é methodos, a Kabbalah é, sobretudo, além de mística, rigorosa metodologia do saber. Tanto quanto gnosis, é práxis.
E, conforme se aprende, não basta apenas “receber”, é mister “transmitir”. Sua força é compreender para poder dar. Compreender em hebraico é TESHUVAH.
Mas, “Teshuvah” também quer dizer “retorno”.
Retornar a que? Às Raízes. À Essência. Ao Criador. Ao Ser que habita em nós. A NESHAMAH (alma humana). Compreender é retornar ao Ribonó shel Olám (Senhor do Universo) daí o seu significado de cosmovisão.
Transmitir é caminhar vidas (chaim) afora. É ir arrebatando transeuntes pelas estradas, olhando os lírios dos campos e abraçando companheiros aos quais amamos como a nós mesmos, recebendo e dando.
O Talmude ensina que o aspecto mais importante de uma pessoa são suas aspirações, e não suas conquistas, por que é o egoísmo que exige conquistar. A Kabbalah nos revela que a potencialidade humana é tal que, quando transforma seu desejo de receber (ratsón lecabel) em seu desejo de dar (ratsón lehaspía) pode com efeito, beneficiar toda a humanidade.
É assim que, neste novo patamar de nossas práticas, já que estamos recebendo, iremos transmitindo com toda humildade. Assim será.
Paz Plena !
Ozâmpin Olafajé, Janeiro 2011.